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Críticas a Álbuns
Crítica a Álbum :: WEB - Everything Ends (2015)
2015-05-26 19:45:23 | Hugo Miguel Delgado

Os veteranos thrashers nortenhos Web trazem-nos Everything Ends, 3º álbum de originais, num ano que promete ser um dos mais fortes de que há memória no que toca a lançamentos discográficos do meio metálico nacional. A formação é a mesma que já tinha gravado o seu antecessor Deviance em 2011, e é composta por Fernando Martins na voz e baixo, Victor Matos e Filipe Ferreira nas guitarras e Pedro Soares na bateria. Com um total de 9 ou 10 temas (já lá vamos) e cerca de 60 minutos de duração, Everything Ends foi gravado por André Matos nos seus Raising Legends Studios, tendo sido co-produzido por André Matos e pela própria banda e misturado e masterizado nos Haga Studios, na Suécia, por Christian Svedin.

Everything Ends arranca em toada obscura e misteriosa, à imagem do que de melhor a banda nos tem vindo a oferecer nos seus lançamentos anteriores, com o tema de abertura Vendetta. Um riff arrastado e captivante ao qual pouco depois se junta a voz de Fernando Martins revelam-se como um excelente cartão de visita para uma audição que nos veio a revelar uns Web bem maduros e seguros de si próprios, num registo com uma produção de alto nível. Apesar dos referidos 60 minutos de duração ultrapassarem um pouco mais a duração esperada, este está longe de ser um trabalho que se torna aborrecido, contando para isso com temas inspirados que não se limitam a seguir uma única fórmula, e uma grande quantidade de pormenores de que nos vamos apercebendo à medida que vamos repetindo o número de audições, fazendo com que este álbum não só não se torne cansativo mas também se renove a cada nova audição. Quem conhece os Web sabe que a banda não se limita a fazer um thrash genérico, fazendo questão de incluir na sua sonoridade elementos de death, doom ou heavy, e este novo trabalho manteve intacta essa característica. O thrash que serve de base a este trabalho está lá também, como é evidente, notando-se inclusive em alguns momentos algumas influências externas, como no refrão de False Prophets, que nos traz à memória uns Kreator, algo que mais tarde se repete ao longo de Taking the World; por sua vez, o fantástico refrão de God of Nothing aproxima-se das linhas musicais de uns Tankard (aqui com 0% de álcool). Nada que caia em exageros, acabando mesmo por fortalecer este trabalho pela forma como num ou noutro momento transmitem aquela sensação de alguma familiaridade prévia com o que estamos a ouvir enquanto, ao mesmo tempo, se mantém perfeitamente integrado na sonoridade própria da banda. Death my Enemy é outra das músicas dignas de registo, um tema lúgubre e arrastado ao qual Nuno Lima (Dementia 13), a partir de Manchester, adicionou os seus cavernosos death metal growls, numa das 2 participações especiais que se encontram neste trabalho. A segunda é protagonizada por Miguel Inglês (Equaleft), que emprestou a voz a Leaving Scars, tema que acaba por ser o que soa mais out-of-context em todo o álbum, devido à sua sonoridade menos clássica. Este ligeiro desvio de rumo acaba por ser atenuado quando ouvimos os deambulares rítmicos realizados pela bateria ao longo do tema, a acompanhar os riffs e o (mais um) excelente solo de guitarra. Finalmente, não poderíamos deixar de referir o tema que dá título ao álbum. Ou temas, no plural. Se, no álbum, Everything Ends foi separado em Part I e Part II, conceptualmente este é um tema único dividido em 5 partes e que se prolonga por quase 17 minutos de muitos riffs e solos, com direito ainda a um dramático e introspectivo interlúdio acústico. Quanto ao conteúdo lírico do álbum, maioritariamente anda à volta da Morte, indo ao encontro do título deste trabalho. Leaving Scars acaba por destoar (novamente) ao apresentar um estilo menos rendilhado e bastante mais crú e directo que o que encontramos nas letras dos restantes temas.

Tecnicamente, este trabalho apresenta todos os membros da banda como nunca os ouvimos até aqui. Não só por causa da produção praticamente irrepreensível e que deixa transparecer de forma límpida e equilibrada todas as interpretações, mas também porque efectivamente sentimos uma evolução a todos os níveis relativamente a esforços anteriores. Desde logo, sobressai uma brilhante interpretação por parte de Fernando Martins na voz, que consegue dar alma aos temas através da forma como consegue transmitir todo um conjunto de sentimentos ao longo da sua prestação. Na bateria, destaque para o vasto leque de fills que foi espalhando diversidade ao longo do álbum, algo que também notámos nas guitarras, onde a criatividade e a atenção ao detalhe foram uma constante nos muitos riffs aqui presentes. Quanto aos solos, estão ao nível do que de melhor se ouve fazer dentro do género por este mundo fora. Repletos de técnica, velocidade e sentimento, e insanos como esta banda bem gosta!

Em jeito de conclusão, este é um trabalho de qualidade invejável e que nos apresenta uns Web num pico de forma e criatividade, como demonstrado por novos excelentes hinos como Vendetta, False Prophets, Taking the World ou Death my Enemy. A bem de uma maior homogeneidade do trabalho, pessoalmente talvez tivesse optado por deixar de fora Leaving Scars e classificar New Beginning como Bonus Track, pois também este tema acaba por soar um pouco à margem dos restantes, mas também não choca em demasia a inclusão de ambas as faixas no álbum.
Sendo certo que tudo tem um fim / Everything Ends, resta-nos esperar que esta inevitabilidade demore bastante a alcançar os Web, pois com este 85 / 100 eles estão é bons para as curvas!

Rating: 85%



Everything Ends - album cover
011. Vendetta
022. False Prophets
033. God of Nothing
044. Taking the World
055. All Turns to Dust
066. Death my Enemy
077. Everything Ends (part I)
088. Everything Ends (part II)
099. Leaving Scars
1010. New Beginning
 
Gravado porAndré Matos
Gravado emRaising Legends Studios
Produzido porAndré Matos e Web
Masterizado porChristian Svedin
Masterizado emHaga Studios
EditoraRaising Legends
 
VozFernando Martins
GuitarraVictor Matos | Filipe Ferreira
BaixoFernando Martins
BateriaPedro Soares
 
WEB - band photo


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