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Reportagens de Concertos
XVII SWR Barroselas Metalfest
2014-04-23 - 2014-04-26 | Barroselas

Depois de nos estrearmos apenas na edição do ano passado no SWR Barroselas Metalfest, ficando muito positivamente surpreendido pela organização e principalmente pelo ambiente de convívio encontrado dentro e fora dos recintos, este ano não pudemos deixar de lá voltar para nova dose. Não só porque tinhamos um grande vontade de voltar a presenciar esta comunhão metálica como também queriamos estar presentes na Final da prova que iria definir qual a banda que este ano nos iria representar no Wacken Open Air. Mais ainda, dentro do leque de bandas da edição deste ano, havia um punhado delas que tinha particular curiosidade em ver (ou vontade de rever), como eram os casos de In Solitude, Metal Church, Negura Bunget, The Quartet of Woah ou Gwydion. Ao início da tarde de 4a-feira lá se deu início à viagem, desta vez sem me esquecer de nada, e com novidades já em carteira: o tempo ia estar chuvoso, ao contrário do ano passado, e o estacionamento teria de ficar afastado da zona do acampamento. Se relativamente à chuva nada de especial se poderia fazer, para além de trazer um rain-coat para caso de ser necessário, já quanto ao segundo custou um pouco ter de fazer aquelas viagens quando no ano passado bastava atravessar a rua. Ainda assim, uma das vantagens de se chegar no Dia 0 é ter uma maior facilidade em arranjar lugar para a tenda e poder fazer tudo com mais calma, e lá se arranjou um belo spot onde, se os meus cálculos estivessem correctos, só levaria com sol a partir do meio da manhã (inocente, a única coisa com que a tenda levou foi com chuva, e na ausência desta, as nuvens tratavam do resto).
Entrando no recinto, lá estavam as barracas de comes e bebes, organizadas de forma diferente da do ano passado, assim como as novas zonas de entrada controlada. As barracas de merchandising não estavam à vista, viriamos a verificar no dia seguinte que todas se encontravam localizadas na zona dos Palcos 1 e 2, o que por um lado ajudou a escapar da chuva mas por outro terá reduzido o leque de potenciais clientes, numa zona só acessível a quem tenha comprado bilhete. O acesso ao campo de futebol também estava diferente do ano passado, estando mais dificultado devido à passagem directa ter sido fechada, o que nos obrigava a dar a volta por fora. O Palco 3 estava disposto no sentido oposto ao do ano passado, uma mudança que viria a afectar nos dias seguintes as actuações no Palco 2. Outra novidade passava pela existência de mais um palco, este bem mais alternativo e localizado fora do recinto, no meio do mato.

Feito que estava o reconhecimento, tudo estava então a postos para 4 dias de festival. O Dia 0, dedicado à Final da Wacken Open Air Metal Battle, encontra-se descrito separadamente no nosso website, num evento dedicado especialmente para o efeito. Os concertos realizados nos Dias 1, 2 e 3 encontram-se relatados já de seguida, com descrições e fotos. Um agradecimento à SWR por permitir a nossa presença no evento e por nos trazer pela primeira vez a Portugal mais um conjunto de grandes nomes do metal! Obrigado, mais uma vez estão de parabéns! Até para o ano!

DIA 0
DIA 1
Eternal Storm
2014-04-24 19:45

O Dia 1 arrancou mais tarde do que o previsto, com os Espanhóis Eternal Storm a apresentarem para um público em número ainda muito reduzido o seu death-metal melódico no Palco 1 ao invés do originalmente previsto Palco 2. A banda aproveitou a "promoção" e deu boa prova de si. Este primeiro concerto deu também para perceber que a iluminação deste Palco 1 tinha sido preparada ao detalhe, permitindo uma diversidade impressionante de efeitos e jogos de luz, que antevia momentos bem interessantes em alguns dos concertos que lá iriam ter lugar ao longo do festival.

Eryn Non Dae
2014-04-24 20:20
Como habitualmente no SWR Metalfest, os concertos seguem praticamente de forma ininterrupta e alternada entre os 2 palcos. Assim, rapidamente dos dirigímos para o Palco 2 para assistir ao concerto dos Eryn Non Dae. Um concerto intenso e bem interessante do franceses, e novamente um bom jogo de luzes a criar um ambiente perfeito.

Solar Corona
2014-04-24 20:40
Como nem só dos Palcos 1 e 2 se faz o SWR, lá tivemos de deixar o segundo palco antes do tempo para darmos um salto ao palco exterior onde o público seguia de forma estática mas atenta a actuação dos nacionais Solar Corona. O tempo de que dispunhamos era, no entanto, bem reduzido e lá tivemos de rapidamente voltar aos palcos principais.


Nami
2014-04-24 21:00

Seguiram-se os Nami, de Andorra. O seu death-metal progressivo criou bons ambientes, e as luzes estiveram TOP, até ao momento em que o desacerto de Roger Andreu nas vocalizações mais limpas e melódicas fez desaparecer um pouco da magia criada. Foi pena, pois estava a ser um dos elementos em destaque até ao momento, assim como o baixista Ricard Tolosa. Ainda assim, deixou vontade de espreitar os trabalhos de estúdio da banda.

In Tha Umbra
2014-04-24 21:40
Regresso ao Palco 2 para a actuação dos algarvios In Tha Umbra. A banda apresentou bons momentos e captou a atenção do público, tendo para isso ajudado a presença feminina de Cristiana Silva nas teclas, debaixo de uma iluminação com contornos misteriosos. Perto do final da actuação apercebemo-nos de um problema que certamente será resolvido já na próxima edição do festival: a mudança de disposição do Palco 3 fez com que as colunas ficassem apontadas para este Palco, pelo que quando começou o concerto em simultâneo com este, os músicos tiveram grande dificuldade em ouvir de forma clara o próprio som. Felizmente, a situação aconteceu já perto do final da actuação, que foi bem positiva e interessante de assistir.

Negura Bunget
2014-04-24 22:15
E eis que chegava um dos concertos que mais aguardávamos desta edição do festival. Os Romenos Negura Bunget já nos tinham escapado no passado mas desta feita lá conseguimos assistir à sua actuação, e em boa hora o fizemos! A combinação de ambientes folk com o black metal atmosférico que lhes serve de base conseguiu criar momentos únicos e bem interessantes ao público que já se apresentava em maior número. O vocalista Tibor Kati, com uma postura quase shamânica, conduzia os temas ora gesticulando ora voltando-se para si próprio e abstraindo-se do cenário envolvente, como que concentrado nas suas rezas e ladaínhas. A utilização de alguns instrumentos tradicionais de sopro ou percussão em temas como Pãmînt ou o gigante bombo utilizado a dada altura por Negru, contribuíram para criar um ambiente mais realista e intenso, hipnotizando nos momentos mais contemplativos. Juntando-se o facto do som ter estado particularmente límpido e novamente fantásticos pormenores por parte dos jogos de iluminação, e tivemos aqui um concerto que nos proporcionou belas viagens pelas florestas Transilvânicas das quais estes Romenos são originários. Particular destaque para o tema final Dacia Hiperborean%u0103, que bem se poderia ter prolongado até ao infinito, para não mais saírmos daquele transe entorpecedor dos sentidos do qual despertámos para, desolados, percebermos que havia chegado o fim.

Sourvein
2014-04-24 23:15
Encaminhou-se a maré humana para o segundo palco para assistir à estreia dos americanos Sourvein em território luso. Apesar do registo vocal de T-Roy não ser dos meus preferidos, num estilo meio a rasgar meio a arranhar, foi um concerto de sludge/doom como mandam as regras, sendo que rapidamente estava a ter dificuldades em fotografar e abanar a cabeça ao mesmo tempo. Os riffs arrastados e sujos, mas repletos de profundidade não deram descanso aos pescoços da assistência. No final, um agradecimento e uma indicação de que gostariam de cá voltar no futuro, despedindo-se antes do último tema Bangleaf com um "Smoke weed, have fun, we'll see you soon!".


Gorguts
2014-04-25 00:05
Responsáveis por lançar no ano passado Colored Sands, um álbum que figurou na maior parte das listas de melhores álbuns do ano, os Canadianos Gorguts eram esperados por muitos dos presentes. E foi nesse trabalho que se baseou a actuação, com os temas a serem interpretados de forma imaculada, pelo quarteto. Nas poucas oportunidades que tinha de abandonar o estado de concentração exigido pela complexidade dos temas, o frontman Luc Lemay foi interagiu de forma simpática com a assistência, com um ar de aparente satisfação, satisfação essa que também terá tomado os fãs quando soou, ainda que para acabar, o tema Obscura. Uma máquina de técnica impressionante!

Graves at Sea
2014-04-25 01:00
Depois dos temas delineados com regra e esquadro, regresso ao palco secundário para nova rodada de sludge/doom com os Graves At Sea, que curiosamente têm estado em tour europeia a abrir para os Sourvein. Impressionante a prestação de Nathan Misterek que praticamente berrou os temas todos do principio ao fim. Ainda que bastante aproximados da sonoridade dos seus companheiros de tour, notou-se nos riffs destes Graves At Sea uns toques mais apimentados, como que condimentados por um certo quarteto original de Birmingham - algo que mais para a frente foi clarificado quando tocaram a cover do tema Lord Of This World.

Equations
2014-04-25 01:25

Misery Index
2014-04-25 01:55
Para encerrar o primeiro dia, restavam os Misery Index. Apesar do adiantar da hora, não deram descanso às massas com o seu death metal bem acelerado com toques grind e hardcore. Mark Kloeppel demonstrou ser um frontman bem divertido e de sorriso fácil, criando rapidamente empatia com o público, que passou o concerto numa roda viva.

Serrabulho
2014-04-25 02:55
Lá fora, no terceiro palco, havia lugar ainda a um último concerto, com os Serrabulho. À nossa volta surgiam inúmeras pessoas equipadas a rigor, com balões, confetis, óculos coloridos, entre tantos outros diversos e inenarráveis adereços. A divertida banda de grind entrou em palco em sintonia, vestidos à pac-man e fantasmas, equipamento que pouco tempo durou vestido, provavelmente devido ao calor, pois rapidamente o palco ficou fértil em calor humano. O que acontecia repetidamente a cada tema era que ao soarem os primeiros acordes, de imediato 20 ou 30 membros a assistência subiam ao palco e traziam os amigos e por lá ficavam a conviver, com a banda e entre eles, até mais lá para o final da música serem gentilmente convidados a descer novamente, o que acontecia lentamente e até ao acorde final, repetindo-se o ciclo novamente poucos segundos depois, com cada novo tema. Os músicos, esses tentavam safar-se como podiam, contornando os transeuntes, tentando que o cabo da guitarra lá voltasse a fazer contacto, procurando qual a posição que fazia a voz ser captada sem cortes pelo micro, numa espécie de missão impossível mas ao mesmo tempo divertida. A festarola lá chegou ao fim, e enquanto para uns era tempo de avaliar os danos causados aos equipamentos em palco pelo tsunami humano e inúmeras réplicas, para nós restou-nos uma gélida travessia da curta distância até à tenda.


DIA 2
Putnam Was The Bastard
2014-04-25 16:45
Chuva! E mais chuva! E ainda mais chuva! De madrugada, de manhã, de tarde e de noite. Ainda que não fosse particularmente intensa, foi caindo de forma constante e ininterrupta, limitando os movimentos e o convívio. O palco improvisado no mato pela malta do DIY lá cedeu às condições climatéricas, pouco restando para além de um toldo caido sob o peso da água acumulada. Ainda assim, nada que os impedisse, pois rapidamente se iriam passar para a zona coberta do estádio para retomar a festa, conviver e recuperar as forças para as novas invasões ao palco três que se iriam avizinhar certamente mais lá para o final da noite.



O segundo dia começou no palco 3 com os Putnam Was The Bastard. Num dos lados, um (à falta de melhor denominação) "operador de pedais de efeitos" produzia uma muralha de sons que pareciam perfeitamente aleatórios, à excepção de alguns momentos isolados em que pareciam encontrar-se com as vozes e bateria como se tivessem sido ensaiados. A não muita distância, outro membro da banda dedicava-se a vocalizar de forma distorcida frases e... cenas... que alternava com momentos de lançamento de cds na direcção do público ou chutos a cassetes que tinham colocado sobre o palco. Mais atrás, divertido, o baterista lá ia acompanhando os devaneios sonoros. Era isto ou a chuva. Houve quem não se importasse de optar por esta última.

Angist
2014-04-25 17:40
O palco secundário abriu para nos trazer os Angist. Vindos da Islandia, apresentaram um death metal agressivo e conduzido por uma dona de um vozeirão surpreendente, a bela Edda Óskarsdóttir, que também repartia funções nas guitarras com a sua compatriota Gyða Þorvaldsdóttir. No entanto, esta última parecia completamente perdida em palco, presa de movimentos, olhando e medindo as distâncias antes de dar um passo em qualquer direcção, contrastando com a presença descontraída, aguerrida e captivante de Edda. Juntando ainda à presença feminina uma boa iluminação do palco e um conjunto de temas intensos e razoavelmente interessantes, e estavam reunidas condições para começar da melhor forma mais uma maratona musical de peso.

The Quartet of Woah
2014-04-25 18:15
Neste segundo dia o alinhamento já se cumpriu sem alterações, seguindo-se desta feita no palco principal a actuação dos nacionais The Quartet Of Woah. Depois de tanto hype à volta da banda lisboeta, estava com alguma curiosidade em ouvi-los e vê-los pela primeira vez, e fiquei positivamente surpreendido. Um rock psicadélico muito bem interpretado e que nos transportou para trás no tempo e ajudou a limpar a alma. O vocalista/guitarrista Gonçalo Kotowicz era o elemento mais enérgico em palco e ia animando ainda mais a actuação, ficando o regresso aos "inocentes" anos 70 complementando com um dos melhores jogos de luzes do dia, colorido e vivo quanto baste. Uma excelente proposta nacional cheia de qualidade, a manter debaixo de olho!

Crepitation
2014-04-25 18:55
O regresso ao palco secundário para assistir ao concerto dos britânicos Crepitation foi uma verdadeira descida ao Hades, fazendo-nos passar do rock psicadélico ao brutal death / grind num piscar de olhos, com direito à matança do porco e tudo! Aliás, com direito a dupla matança, pois a banda é constituída por 2 vocalistas que utilizam esse mesmo registo enquanto se mantém em constante movimento sobre o palco. A energia e brutalidade rapidamente colocaram o público igualmente em movimento.

Antropofagus
2014-04-25 19:40
No palco principal iria servir-se mais do mesmo, com os italianos Antropofagus. Desta vez a Sociedade Protectora dos Animais não precisou de intervir pois nenhum porco foi ferido durante este concerto em que o imponente vocalista Tya desvastou com a sua interpretação gutural. O público agradeceu a brutalidade da actuação com muita movimentação.

Bosque
2014-04-25 20:15
Novo regresso ao palco 2 para novo tratamento de choque, passando desta feita de um concerto com notas tocadas a mil-à-hora para um em que cada nota era deixada a arrastar-se penosamente por largos segundos, negros e longos segundos, que mais pareciam horas. Os nacionais Bosque proporcionaram um concerto de cortar os pulsos, depressivo e deprimente, gélido e opressivo. O relógio não parecia querer avançar, as notas não saiam do sítio, o coração ia batendo cada vez mais devagar, e nem às fotos me podia agarrar, pois também as luzes deram lugar à fria sombra e ao fumo. É certo que funeral doom é um género que não é para todos e não é para todos os dias, e num dia já de si cinzento procurei outras paragens. Fica prometida nova escuta num momento mais propício.


Warhammer
2014-04-25 21:00
Outra das belas surpresas do dia foi proporcionada no palco 1 pelos Warhammer. A banda germânica deu um enorme concerto cheio de energia e muito à-vontade. Definir claramente o género musical da banda não é fácil, graças às pinceladas de heavy, doom, death, thrash ou black espalhadas lá pelo meio, e mesmo visualmente ficamos com as mesmas dúvidas, com pinturas e pregos combinados com licra e sapatilhas. Desistimos de tentar catalogar o género e resolvemos concentrar-nos no essencial. Um setlist repleto de temas que nos colocam a abanar a cabeça e a tentar acompanhar músicas que estamos a ouvir pela primeira vez. Músicos em palco que estão a divertir-se com o que estão a fazer, sorrindo e comunicando com o público com cada pequeno gesto. Com garra, com gosto, com glam, sem merdas! Daqueles concertos que nos obrigam a não desviar os olhos do palco, para não perder nada, enquanto gesticulamos acompanhando cada batida, cada break, cada solo! Venham mais destes!

Age of Woe
2014-04-25 21:45
Ainda com o magnífico concerto dos Warhammer em mente, regresso ao palco secundário para assistir aos Suecos Age Of Woe. Uma banda com alguns contrastes - visuais e sonoros - mas que conseguiram captar a nossa atenção com um conjunto de temas interessantes capazes de captar a nossa atenção, com bons riffs e bom andamento.

Blood Red Throne
2014-04-25 22:15
E da fria Noruega veio o calor! Os Blood Red Throne puseram tudo e todos a mexer com um concerto poderosíssimo de death metal a abrir, muito pujante e compacto. Impressionante a prestação em palco do baixista Ole, combinando técnica e energia, assim como a prestação do vocalista Bolt que rapidamente tomou as rédeas dos acontecimentos e liderou as movimentações constantes do público, que terá chegado ao fim a perguntar-se por quem tinham sido atropelados, após tão potente actuação.

Mystifier
2014-04-25 23:10

Do Brasil para o Palco 2, os Mystifier, trio que pratica black metal old school. Imagino que, como eu, muitos do que também não conheciam a banda terão torcido o nariz à visão de um guitarrista de óculos de sol que à primeira vista fazia lembrar um Ray Charles vestido em couro, e mais ainda quando este começou a comunicar num inglês deveras macarrónico intercalado por uma ou outra palavra em português/brasileiro. No entanto, o choque inicial foi esquecido quando confrontados com os temas e prestação em palco de boa qualidade.

Metal Church
2014-04-26 00:00
Outro dos concertos que esperava com curiosidade era o dos veteranos norte-americanos Metal Church, e que concerto este!!! Ronny Munroe é um vocalista e frontman de topo, e demonstrou-o agarrando o público logo desde o início com a sua naturalidade, sorriso fácil e tremenda qualidade. A sua presença enchia o palco, precisando apenas de pequenos gestos e expressões para captar a nossa atenção e ganhar o respeito dos presentes. Ao seu lado, o guitarrista e fundador Kurdt Vanderhoof era também todo sorrisos, no que era acompanhado do lado oposto pelo baixista Steve Unger, outro dos elementos em foco. Umas luzes bem abertas e som límpido deram o mote final, contribuindo para fazer deste um dos melhores concertos do dia e dos festival! Enquadrada numa tour que visa promover o mais recente álbum Generation Nothing, a actuação acabou por visitar principalmente os 3 primeiros álbuns da banda - Metal Church (1984), The Dark (1986) e Blessing In Disguise (1989), passando por temas de heavy-metal a abrir, poderosos e rápidos, mas também por temas mais lentos e épicos, daqueles que rapidamente colocam o povo a acompanhar depois de ouvir o refrão apenas por uma vez, sobressaindo por exemplo o tema de abertura Ton Of Bricks, A Light In The Dark, Let The Children Pray ou a final Metal Church. Para o encore, estava reservada a conhecida versão de Highway Star, dos Deep Purple, com o público (e este vosso escriba) a acompanhar na integra! E um enorme OBRIGADO à SWR por mais uma vez nos trazer um grande concerto de metal mais tradicional ao Barroselas!

Black Witchery
2014-04-26 01:10
Mal tinhamos acabado de sair da Igreja do Metal, e nova passagem infernal nos esperava com o black metal dos Black Witchery, num concerto bem mais obscuro que o que nos tinha sido proporcionado pelos seus antecessores no palco secundário. Desta feita, as luzes já não estiveram tão límpidas, colocando os músicos sob uma sombra, adequando a experiência visual à obscuridade dos temas apresentados. Os fãs do género foram-se chegando à frente, testando a resistência dos respectivos pescoços até à exaustão, e a dada altura o olfacto notifica-nos de que algo está a ser queimado por perto - no público, um dos presentes tentava incendiar uma obra literária. Suspeitamos que o ataque, não reivindicado até ao momento, não estava de forma alguma relacionado com descontentamento relativamente ao novo acordo ortográfico.


Schirenc
2014-05-26 01:50
Para encerrar a noite, restava ainda um último concerto no palco principal - Martin Schirenc a tocar temas dos seus Pungent Stench. Death metal a abrir, que naturalmente obteve receptividade por parte do público e diversos mosh pits. Schirenc não esteve particularmente comunicativo, mas o baixista que o acompanha nestas andanças, Danny Vacuum compensou com a sua postura bem menos sisuda, com um ar de quem está a divertir à grande em palco. No final da devastação provocada por este trio, era finalmente hora de abandonar o recinto e voltar à chuva. O cansaço era já grande e a viagem até ao descanso da tenda era mais tentadora que a visita ao palco 3 para assistir aos 31, até porque ainda há pouco os tinhamos visto na Moita. O corpo acabou por vencer o dilema, e o bater da chuva rapidamente deixou de ser ouvido.

DIA 3
Pterossauros
2014-04-26 16:30
E eis que chegou o indesejado último dia. Não pelos concertos que nos estavam destinados, mas por ser o dia em que já começamos a voltar lentamente ao mundo real, ao desfazer a tenda, arrumar as tralhas, antever a viagem de regresso e saber que nos dias seguintes já não haveria 10 horas seguidas de concertos à nossa espera. Ainda assim, ao menos já não chovia, o que ajudou um pouco a animar - e a fazer as longas e vagarosas viagens entre o campismo e o carro de forma seca. Raios, o ano passado era só atravessar a rua e já estava...



Pela hora prevista, lá fomos espreitas o palco 3, mas Pterossauros nem vê-los. Damn, novamente extintos - pensámos nós! (Na verdade, viemos a descobrir depois, terão tido apenas uma alteração ao horário).


Methedras
2014-04-26 17:40
Lá fomos então para o palco 2, e nova alteração aos planos. Inicialmente previstos para mais tarde no palco 3, os italianos Methedras tinham sido promovidos! E ainda bem que assim foi, pois o thrash metal apresentado proporcionou um excelente início! A sonoridade não era propriamente old school, pois souberam incorporar alguns elementos nas composições que lhes deram um ar mais actual, mas bem conseguido. Um momento de excitação quando o vocalista Claudio Facheris anuncia o tema seguinte com um "And now, it's time to raise the flag..." mas em vez do esperado "... of Hate" que anunciaria uma cover de Kreator que iria cair ali que nem ginjas, na verdade anunciava "Flag of Life", tema original da banda. O thrash continuou a soar bem agradável aos nossos ouvidos, e ainda houve tempo para lançarem algumas t-shirts ao público.

Bonded By Blood
2014-04-26 18:15
No palco 1 o thrash continuou em alta com os americanos Bonded By Blood. Com o vocalista Mauro Gonzalez bem inspirado e expressivo e grandes temas uns a seguir aos outros, não podiamos ter pedido melhor arranque de dia. O guitarrista Juan Juarez dava a impressão de que a qualquer momento iria sacar a flauta de pan para tocar a El Condor Pasa, mas na verdade apresentou grande capacidade técnica, aproximando-se muitas vezes da frente do palco para satisfação dos que se encontravam mais próximos. Isto porque o público comparecia já em numero bem interessante logo à primeira banda a tocar no palco principal. A movimentação de parte a parte e o thrash a rasgar continuaram de forma constante pela actuação fora.

Dolentia
2014-04-26 18:45
E ao thrash seguiu-se o black, encapuçado e envolto em correntes. Os nacionais Dolentia arrefeceram os ânimos com o seu som negro e depressivo, num ambiente soturno.

Wormed
2014-04-26 19:25
O Sci-Fi Death Metal com contornos brutais e técnicos dos espanhóis Wormed seguiu-se, com uma prestação bem interessante, grande potência de som e muito mosh por parte do público. Destaque para o vocalista Phlegeton, com uma presença brutal em palco, dominando os acontecimentos. A bateria de G.Calero esteve também poderosíssima, ao ponto de sentirmos a trepidação sempre que nos colocávamos bem junto ao palco.

Martelo Negro
2014-04-26 20:05
Nova banda nacional no palco secundário, os Martelo Negro, muito aguardados pelo público. Rapidamente deu para perceber o porquê de serem também um dos projectos que tem gerado mais curiosidade no meio nacional. A prestação da banda em palco foi brutal, com uma enorme segurança em si próprios e no material que nos vieram apresentar, e a reação conseguida do público foi excelente, com muito mosh à mistura.


In Solitude
2014-04-26 20:40
Finalmente, a banda que mais esperava ver nesta edição do Barroselas. Depois de os ter visto há 3 anos atrás no Hellfest, onde já demonstravam um enorme potencial, e agora com o excelente álbum Sister em carteira, as expectativas estavam bem altas para este concerto! Foi com fumo e incenso a cobrir o palco que os In Solitude entraram em palco, completamente irrequietos, abrindo com Death Knows Where. Seguiu-se Lavender, ao mesmo ritmo. Pelle Åhman ora se aproximava do público ora recuava para cantar perdido em si mesmo, enquanto ao seu lado, no baixo, Gottfrid Åhman, completamente possuído, não parava um segundo em palco. No entanto, apesar do esforço colocado em palco pelos Suecos, o som, que tão boa conta vinha dando de si neste palco principal ao longo dos 3 dias, simplesmente não conseguia estar à altura, soando tudo muito embrulhado e denso. Alheios a este problema, continuaram a sua enérgica performance, que só perto do fim, nos temas Sister e Witches Sabbath, com que encerraram, acabou por ter finalmente um som mais aproximado do que se esperaria. Mereciam melhor sorte, com todo o esforço colocado em palco.

Nuclear
2014-04-26 21:35
Felizmente, foi por pouco tempo que mantive na mente a fraca qualidade sonora apresentada no concerto dos In Solitude. No palco secundário, nova surpresa com uma enorme prestação dos chilenos Nuclear. Com um thrash metal bem potente e agressivo, sempre a rasgar, conseguiram uma excelente receptividade por parte do público, que por inúmeras vezes foi invadindo o palco para cumprimentar e abraçar os músicos em palco. Um concerto muito bem conseguido, e muito divertido de assistir, tanto pelo que os músicos fizeram em palco como pela reacção arrancada do público. A ouvir mais atentamente.

Hirax
2014-04-26 22:15
E, surpresa puxa surpresa, o que dizer dos senhores que se seguiram no palco principal? Apesar de reconhecer os Hirax como um dos nomes relevantes do thrash norte-americano, nada mais sabia deles do que o nome, pelo que foi com alguma suspeição que os vi entrar em palco. No entanto, rapidamente o vocalista Katon De Pena rapidamente tomou as rédeas e conquistou toda a plateia com a sua enorme energia e carisma. As expressões que dirigia ao público faziam-nos querer ver e ouvir mais e mais do que se passava em palco, enquanto de cada lado do palco Lance Harrison e Steve Harrison iam fazendo a festa com ar bem divertido. Por entre enormes temas de thrash como Baptism By Fire ou El Diablo Negro. Katon mostrou ser igualmente um grande comunicador, tendo atingido o momento mais alto quando, empunhando a bandeira portuguesa, partilhou que tem ascendência portuguesa estando portanto particularmente ligado a Portugal. Um concerto com grandes temas, grandes músicos e um enorme frontman, que certamente saíram daqui com um bom número de novos fãs.

Bølzer
2014-04-26 23:10
Seguiu-se o duo oriúndo da Suiça, os Bölzer. Apresenteram-se com um elemento na bateria enquanto no centro do palco, envolto em monitores de som, se encontrava uma espécie de irmão-gémeo-mau-do-Zakk-Wylde, na voz e guitarra. O som vindo da bateria era bem agreste, e complementava a raiva expressa pela voz e guitarra, tendo o duo demonstrado que não são precisos muitos para fazer barulho a sério!


Anaal Nathrakh
2014-04-26 23:50
Nova bomba no palco principal, com os muito aguardados Anaal Nathrakh. Com a sua sonoridade extrema, encaixou perfeitamente no festival, com a vantagem adicional de ter usufruído de um som fantástico e límpido - isto é, tão límpido quanto possível tendo em conta a brutalidade que estava a ser posta em prática sobre o palco. Desde cedo que o vocalista Dave Hunt lamentou a ausência de Mick Kenney na guitarra, mas essa falta não se fez notar, não tendo sido perceptíveis falhas ou problemas ao longo dos cerca de 60 minutos de Caos sonoro apresentado. O público presente nesta que terá sido a maior enchente desta edição, não deu igualmente tréguas e acompanhou a desvastação da única forma possível - com muito e muito mosh. Para o final, não hesitaram ao convite feito por Dave Hunt e invadiram massivamente o palco.

Grave Miasma
2014-04-27 00:35
Chegámos ao palco 2 a tempo de assistir ao final do obscuro concerto dos Grave Miasma. Com um ambiente sombrio e ensombrado e com muito fumo à mistura, ficou a impressão de terem proporcionado excelentes momentos ao muito público presente.


Gwydion
2014-04-27 00:50
Depois de no dia anterior ter abdicado das deslocações ao palco 3, devido à chuva, era chegada a banda que mais esperava nesse palco nestes 3 dias - o nossos vikings Gwydion. E foi uma assistência bem numerosa e em festa que assistiu à sua entrada ao palco, numa versão com olheiras bem marcadas e sem pinturas faciais / adereços. Talvez resultado do avançar das horas e algum cansaço acumulado, a julgar por um ou dois punks que se encontravam a dormir sobre o palco, a um canto? Depois de ultrapassado o choque inicial, lá entrámos na festa que estava a colocar todos em movimento, demonstrando que estes berzerkers não sabem dar mais concertos. Foi com muito custo que o dever levou a melhor e lá meti pés a caminho para uma rápida visita ao palco 2.


Discharge
2014-04-27 01:35
O fecho do palco principal fez-se com os históricos do punk britânico Discharge. O carismático vocalista Rat ostentava o seu moicano e um sorriso de boa disposição que nem desapareceu quando um equívoco sobre o palco o forçou a momento de stage-diving. A raiva e força dos temas tocados mantinham o público em constante movimento, fazendo inclusive algumas tímidas invasões de palco. Muitos olhares curiosos a assistir a este punk que teve também um som e luzes muito bem conseguidas.

Display of Power
2014-04-27 02:40
O festival encerrou com a banda espanhola de tributo aos Pantera, os Display Of Power, a encher o palco 2. E que boa escolha esta para fechar os 3 dias ( 1) de festival! Sem grandes expectativas, de imediato fomos conquistados pela forma simples e despretensiosa com que colocaram em palco os históricos temas. O guitarrista Roi Gil fazia um trabalho soberbo a replicar cada riff e cada solo de forma perfeita, enquanto o vocalista Alberto Castaño replicava toda a garra tão habitual em Phil Anselmo. O público aderiu de forma perfeita, cantando, dançando, saltando e invadindo o palco, festejando a memória da banda aqui representada enquanto aproveitavam ao máximo o aproximar do fim de mais um Barroselas. Tão bom, que até o Batman aprovou o concerto! [ver fotos para perceber]

Vai-te Foder
2014-04-27 03:30
O Barroselas tinha chegado ao fim, mas havia ainda um último concerto no palco 3. Os Vai-te Foder iam ainda proporcionar mais um sem número de invasões de palco e consequentes dificuldades técnicas e trabalho adicional aos ajudantes de palco, que acabaram por desistir de tentar colocar alguma razão em todo o caos. Os temas foram muitos e curtos, com títulos como Bófia de Merda ou Rock no Canoa, entre muitos outros que pareciam surgir do nada quando tudo parecia encaminhar-se para o fim. Muitas caras conhecidas do nosso meio metálico nacional a assistir ou participar ou invadir o palco, assim como um extremamente (e artificialmente) feliz habitante local, que dançava modinhas sobre o palco, falava ao telefone com o micro ou era levado a braços de um lado para o outro. Os punks, esses, continuavam sobre o palco como se de lá nunca tivessem saído, fazendo também a sua festa. No fundo, todos deitavam cá para fora tudo o que ainda tinham de energia. Porque depois disto, Barroselas só para o ano...