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Reportagens de Concertos
Vagos Open Air 2014
2014-08-08 - 2014-08-10 | Quinta do Ega

E eis que chegou mais um Vagos Open Air! Esta 6ª edição trouxe-nos pelo segundo ano consecutivo ao centro de Vagos, depois de 4 edições realizadas em Calvão, e desta vez com a grande novidade de termos, pela primeira vez, 3 dias de festival! E um cartaz invejável, que nos trazia de volta ao festival grandes nomes como Opeth e Epica, juntando-lhes colossos como Kreator e Behemoth, que tinhamos visto há cerca de uma semana atrás na Alemanha, no Wacken Open Air, ou ainda Annihilator ou Paradise Lost, e ainda uma estreia há muito aguardada em terras lusas, com os Gojira. Juntando-lhe ainda alguns nomes bem interessantes como os nacionais Gates of Hell, The Quartet of Woah ou Kandia que têm vindo a conquistar aos poucos o seu espaço no meio nacional e um número crescente de fãs, e tinhamos à nossa frente 3 dias em grande! À chegada a Vagos lá começámos a ver os vários grupos de festivaleiros a passear ou descansar pelas ruas e largos da localidade, deparando-nos com uma enorme fila na zona de troca de bilhetes / levantamento das pulseiras. Assim que possível, lá fizemos a longa descida, passando ao lado da zona de campismo e dirigindo-nos à entrada para o recinto dos concertos, entrando poucos instantes antes do arranque...

DIA 1
Gates of Hell
2014-08-08 17:00 | 30 min
Uma enorme fila de público estava ainda a caminho da zona dos palcos quando arrancou o primeiro concerto desta edição do festival. Depois de há uma semana atrás termos assistido no Wacken Open Air ao concerto de Raça com o seus Revolution Within, era agora com os Gates of Hell que iria dar início ao primeiro de três dias de muita música. O público rapidamente foi enchendo o recinto e o quinteto nortenho logo lhes deu o que fazer. Abriram o set com Phenomenal Syndrome e ao fim de pouco tempo já uma núvem de pó se levantava do meio do público, com todo o mosh. Com Pedro Afonso e Filipe Afonso de cada lado do palco e Miguel Pinto sempre muito activo e divertido a acompanhar Raça mais de perto, tocaram o seu thrash muito enérgico ao longo de cerca de meia hora e proporcionaram um excelente início de dia.

Kandia
2014-08-08 17:45 | 45 min
Seguiram-se os Kandia. O projecto de Nya e André Cruz vinha apresentar a sua formação renovada, com Bruno Martins no baixo, Tiago Delgado na guitarra e Hugo Ribeiro na bateria. A sonoridade mais melódica da banda poderia colocá-los um pouco deslocados neste festival, mas a Luminous Legion não deixou de os apoiar e fez questão de se fazer notar no meio do público. Sobre o palco, principal destaque para Nya e para temas como Scars ou Karma, com que fecharam a actuação. A nível sonoro não tiveram grande sorte, com os samples a fazerem-se ouvir muito embrulhados com o som dos restantes instrumentos. Um concerto que não foi tão intenso como o que os vimos dar no final do ano passado no Hard Club, havendo ainda que trabalhar o entrosamento dos novos membros e a apresentação em palco, mas ainda assim foi uma actuação positiva e agradável de assistir.

Sylosis
2014-08-08 18:45 | 60 min
A primeira banda estrangeira a tocar nesta edição do festival vinha de Inglaterra. Os Sylosis lá acabaram por se estrear em Portugal, depois de terem cancelado a sua vinda no final de 2012 quando eram para acompanhar Devin Townsend e Fear Factory na sua passagem por terras lusas. O concerto foi bem interessante, com a peculiar sonoridade da banda, uma mescla de thrash, death e progressivo, a claramente fazer as delícias do muito público presente. E era mesmo muito o público presente, parecendo estar bem mais gente já neste final de tarde de 6a-feira do que em qualquer momento das edições anteriores do festival. Josh Middleton aproveitou a presença de tanta gente e em vez de pedir um moshpit, coloca o público a fazer 2 moshpits separados, 1 de cada lado, num momento divertido e inovador. A setlist incluiu temas dos 3 álbuns da banda, ficando para o final Altered States of Consciousness e Empyreal, Part 1, do segundo álbum Edge Of The Earth.

Soilwork
2014-08-08 20:15 | 75 min
E Vagos que se preze tem de ter pelo menos uma banda sueca, e cá estavam os Soilwork para fazer as honras. Um concerto cheio de garra para o primeiro anoitecer do festival, e também para a primeira chuva. Bjorn Strid recordou a última passagem da banda por Portugal, trazendo à memória o saudoso Hard Club na sua versão original, onde tinham tocado em 2003. Grande parte do concerto baseou-se em temas do mais recente trabalho The Living Infinite, ficando para o final os 2 pontos altos ao recuperarem dos seus álbuns mais antigos os temas Follow the Hollow e Stabbing the Drama.

Epica
2014-08-08 22:00 | 90 min
O penúltimo concerto deste primeiro dia trazia-nos de volta ao Vagos os Epica. A banda holandesa tem visitado com alguma regularidade o nosso país e obtido sempre óptima reacção por parte do público, e com o novo e excelente álbum The Quantum Enigma lançado este ano, esta era uma aposta ganha logo à partida. O concerto arrancou logo com 3 temas no novo álbum - The Second Stone, The Essence of Silence e Victims of Contingency, com Simone Simons em grande plano e um bom jogo de luzes a apoiar, que manteve apenas Mark Jansensob uma permanente sombra. Lá atrás, Coen Janssen mostrava-se bem divertido com o seu teclado e suporte rotativo, enquanto Rob van der Loo e Isaac Delahaye apresentavam semelhante disposição mais à frente. O som mais uma vez pregou partidas ao público, proporcionando experiências auditivas diferentes em mediante o local onde nos encontrávamos. Mais à frente, Simone soava de forma quase perfeita, mas à medida que nos afastávamos para trás ou para os lados, a sua voz ficava apagada sob os coros. Nada que afectasse o público, que acompanhava de forma efusiva a actuação. Para o final, alguns dos temas mais esperados como The Phantom Agony e Cry For The Moon, com Simone a apresentar os membros da banda como se parte da letra se tratasse. Houve ainda lugar para mais um tema do último álbum, Unchain Utopia, encerrando o concerto com Consign To Oblivion. Um concerto agradável e que nos trouxe 5 temas no novo álbum, e que nos deixa a aguardar pelo regresso ao nosso país, anunciado por Simone para os dias 29 e 30 de Novembro deste ano.

Kreator
2014-08-09 00:00 | 90 min
E finalmente The Kreator have returned!!! Com uma versão muito light do palco especial que têm utilizado nos últimos 2 anos e sem pirotecnia, mas ainda assim um regresso muito saudado destes gigantes germânicos do thrash. E que enorme concerto eles deram! Apesar de já os termos visto por umas 3 ou 4 vezes nesta longa tour que se seguiu ao lançamento de Phantom Antichrist, as prestações de Mille Petrozza e companhia conseguem sempre puxar por nós e não conseguimos deixar de vibrar e responder à sua chamada. Logo após a introdução, com Mars Mantra, seguiram-se Phantom Antichrist, From Flood into Fire e Warcurse, com alguns fumos a serem disparados à frente do palco, assim como milhares de pequenos papéis, algo que faz parte dos concertos habituais da bandas mas que não vemos habitualmente por cá. Com o habitual jogo de luzes de Kreator a criar muitas situações de contra-luz, muitas sombras e muito fumo, o concerto foi avançando também com muito mosh e crowdsurfinfg pelo público, que estava a encher e de que maneira o recinto. Os clássicos sucederam-se, uns atrás dos outros - Endless Pain, Pleasure To Kill, People of the Lie ou os mais recentes Enemy of God ou Hordes of Chaos. Mille constantemente incitava o público a criar moshpits, revelando-se bastante falador neste regresso a Portugal. à medida que nos fomos movimentando pelo meio da assistência voltámos a notar problemas de som que faziam com que só se ouvisse uma das guitarras quando nos afastávamos do centro em direção a qualquer dos lados. O efeito de ter uma guitarra a soar do lado esquerdo e outra a soar do lado direito tem um efeito interessante para quem está ao centro, mas estraga por completo a experiência para quem está mais de lado, perdendo-se as harmonias feitas pelas guitarras de Mille Petrozza e Sami Yli-Sirniö e deixando o som pouco consistente. Voltei a aproximar-me da densamente povoada zona mais central do recinto quando, já perto do final, se repetiu a pequena brincadeira que têm vindo a usar para chamar pelo público, fazendo alusões a Michael Jackson na primeira tentativa e a Judas Priest na segunda tentativa, com Ventor a tocar a entrada de bateria do tema Painkiller, antes de Mille anunciar, de bandeira na mão, o tema final que não poderia deixar de ser Flag of Hate encadeado com Tormentor. Os últimos cartuchos estava a ser gastos pelo público, com os crowd-surfers (e seguranças) numa roda-viva, e também pelos canhões de fumo, encerrando em grande este primeiro dia de festival.

DIA 2
Requiem Laus
2014-08-09 17:00 | 30 min
O segundo dia abriu com os madeirenses Requiem Laus, banda que iria ver pela primeira vez ao vivo, apesar de já terem uma longa carreira. O concerto não conseguiu atingir os níveis evidenciados na abertura do dia anterior em termos de público. Também a animação era bem menor que no dia anterior, talvez pela menor interação da banda com o público e menor energia colocada em palco, sobressaindo apenas o vocalista/guitarrista Miguel Freitas, pouco comunicativo mas com uma performance expressiva.

Angelus Apatrida
2014-08-09 17:45 | 45 min
Contrastando com o concerto anterior, com os nossos vizinhos Angelus Apatrida a animação foi uma constante por parte do público. Mesmo estando o guitarrista David Álvarez com uma perna ligada e forçado a tocar sentado, não foi por isso que deixaram de movimentar as massas, com muito crowd-surf e muito mosh logo desde o tema de abertura Violent Dawn até ao final dos cerca de 45 minutos de concerto. O carismático vocalista/guitarrista Guillermo Izquierdo mostrou-se extremamente satisfeito com a reacção obtida, e temas como Give'Em War ou You Are Next soaram muito bem, trazendo à vida o público neste segundo dia, qual injecção de adrenalina.

The Haunted
2014-08-09 18:45 | 60 min
Continuou a violência com os suecos The Haunted, com o vocalista Marco Aro a fazer sangue desde logo - mas em si próprio, batendo com o micro na testa até de lá começar a escorrer um fio de tom avermelhado. Este senhor roubou o espectáculo, estando sempre chegado à frente do palco e a captar a atenção do público (não fosse ele lembrar-se de começar a dar com o micro também na testa dos outros). Apesar das músicas da banda acabarem por gradualmente soar um pouco repetitivas, o espectáculo visual acabava por captar a nossa atenção, aproveitando-se também o facto de neste momento o sol bater por trás do palco e criar uns fantásticos efeitos luminosos com a ajuda dos focos e fumos em palco.

Behemoth
2014-08-09 20:15 | 75 min
Aqui estava o concerto que mais aguardava neste dia, com os polacos Behemoth! À medida que o palco ia sendo montado, à ansiedade juntou-se alguma decepção ao verificar que em vez dos seus habituais suportes de microfone estavam a ser colocados em palco suportes normalíssimos, prevendo-se então também uma versão light do espectáculo, assim como tinha acontecido ontem com os Kreator. Pouco tempo tive para lamúrias, pois rapidamente estava Nergal a aparecer com os 2 archotes em chamas nas mãos, largando-os sobre o palco com o início de Blow Your Trumpets Gabriel, seguindo-se Ora Pro Nobis Lucifer, ambos os temas do recente e excelente trabalho The Satanist. A setlist foi-se desenrolando da mesma forma que tinhamos assistido há uma semana atrás no Wacken Open Air, e se aqui não estavamos a ter direito a parte do espectáculo visual a que estavamos habituados lá fora, com os referidos suportes de micro, fogo e canhões de fumo, estavamos a ter direito a uma próximidade ao palco bem superior à do enorme recinto germânico, o que nos permitia sentir mais à flor da pele todas as emoções emanadas pelas músicos, principalmente Nergal e Orion. Em Christians to the Lions também não tivemos as cruzes em chamas sobre o palco, mas para equilibrar tivemos o cair da noite a trazer a escuridão a este negro concerto, que como há uma semana atrás culminou com o fantástico tema O Father O Satan O Sun a ser tocado no encore, com as máscaras e muito fumo a criarem um ambiente espectacular. Concerto do dia!

Annihilator
2014-08-09 22:00 | 90 min
O cansaço acumulado era já algum quando fomos atropelados por este concertão dos Annihilator. Excepção feita ao tema Alison Hell, nunca cheguei a conseguir colar nestes canadianos, e esperava um concerto morno que desse para ir assistindo ao longe enquanto jantava, mas enganei-me por completo. Jeff Waters apresentou-se irrequieto em palco e bastante bem disposto, dando o mote para uma excelente reacção por parte do público, e do outro lado do palco o vocalista/guitarrista Dave Padden ia dando alguma luta na tentativa de captar a atenção. Pelo meio acabámos por ter alguns momentos menos interessantes - Chicken And Corn?!? WTF?!?! - mas no geral foi um concerto sempre a dar-lhe e uma agradável surpresa.

Opeth
2014-08-10 00:00 | 90 min
A noite encerrou com mais um regresso ao Vagos, desta vez protagonizado pelos suecos Opeth. A banda lançou recentemente o seu novo trabalho Pale Communion, continuando a seguir o rumo mais rock/psicadélico introduzido com o álbum anterior. Confesso que nenhuma das diversas fases por que a banda tem passado ao longo da sua já longa existência me conseguiu cativar, mas esta fase mais recente até é das que menos mossa me faz, pelo que entre os novos temas e o habitual humor de Mikael Åkerfeldt entre temas, estava à espera de assistir a um concerto pessoalmente mais interessante do que os anteriores 3 ou 4 concertos deles a que assisti - o que não veio a acontecer. A setlist passou ao lado do novo trabalho e dividiu-se tanto quanto possível pela discografia da banda, à razão de praticamente 1 tema por álbum, com algumas escolhas a recairem sobre temas muito parados, tornando aborrecido o final de noite numa altura em que o corpo já pedia descanso. Mesmo o humor de Åkerfeldt já foi mais espontâneo, soando agora algo forçado, acabando uma boa parte do público por aproveitar para recolher às tendas enquanto outros simplesmente se afastaram, sentando-se no chão e começando a recuperar as forças para o terceiro e último dia, que se iria seguir.

DIA 3
Opus Diabolicum
2014-08-10 16:00 | 30 min
O primeiro terceiro dia da história do Vagos Open Air arrancou uma hora mais cedo do que os dias anteriores. Pelas 16 horas o trio de violoncelistas Opus Diabolicum entrou em palco, conforme previsto. O que não estava nos planos certamente era terem problemas técnicos com um dos instrumentos logo ao início, mas ao fim de alguns minutos lá ficou resolvido, ultrapassando-se esse momento de pára - arranca (com acento, que não alinho neste desacordo ortográfico da treta). A adesão por parte do público não foi muita, e apenas com insistência por parte de Valter Freitas lá se começaram a ouvir algumas vozes a acompanhar as cordas, nos refrões de Alma Mater. Acabou por ser um início de dia interessante e diferente do habitual, mas falta à banda adoptar uma postura mais interventiva e animada por parte dos seus membros para obterem uma maior reacção por parte do público.

Murk
2014-08-10 17:00 | 30 min
Os Murk eram uma das incógnitas desta edição do Vagos, sendo um nome completamente desconhecido do metal nacional para a maior parte das pessoas presentes. Entraram em palco pintados de cinza e com capuzes sobre as cabeças, e apresentavam um enorme painel com o nome da banda por trás da bateria, surpreendendo desde logo o público presente com este aparato invulgar em bandas nacionais. A sonoridade apresentada era um death metal melódico com teclados à lá black metal, obtendo uma reacção positiva por parte do público com temas como Footprint of God. Falta agora aproveitarem o ensejo para ganhar notoriedade e muita rodagem, para conseguirem vir a ter um à-vontade em palco que lhes faltou em parte.

The Quartet of Woah
2014-08-10 17:45 | 30 min
E à-vontade em palco é coisa que não falta a Gonçalo Kotowicz, vocalista / guitarrista dos The Quartet of Woah!. A banda lisboeta que tem dado cartas no meio musical nacional deu um grande concerto de rock num Vagos que pareceu transformado num Woodstock (sem a lama, que só viria mais tarde, nem o topless). Uma atitude incrível do frontman da banda que já nos tinha surpreendido quando os vimos há uns meses atrás no palco principal do SWR Barroselas, mas que aqui conseguiu ser ainda uns furos mais acima. O público inicialmente ficou estático com este regresso ao passado, mas foi impossível resistir a toda a energia gerada sobre o palco - e, se o rock com contornos blues e psicadélicos apresentado nos transporta mais para os anos 70 do que para o meio de um moshpit, ninguém pareceu ficar importado, e foi de pé ou sentados sobre a relva que os olhares - e ouvidos - do muito público presente não descolaram do palco durante os quase 45 minutos de concerto. A abertura com The Announcer, do álbum Ultrabomb, deu o mote, seguindo-se Empty Stream numa toada idêntica, e a partir daí nada havia a fazer senão seguir a onda ora mais pausada, como em Balance, ora mais acelerada como em Backwardsfirstliners. O teclado de Rui Guerra fez-se ouvir bem alto, assim como a equipa rítmica que, constituida por André Gonçalves no baixo e Miguel Costa na bateria, nos colocou em movimento sem que o pudessemos evitar. Gonçalo Kotowicz era um mundo à parte, sempre em movimento, dobrando-se e contorcendo-se, com uma animação contagiante. Para o fim ficou o tema U-Turn, encerrando-se assim um grande concerto de rock num grande festival de metal!

Vita Imana
2014-08-10 18:45 | 45 min
E era chegada a outra grande incógnita deste festival. Os espanhóis Vita Imana eram também dos nomes menos conhecidos do cartaz deste ano, apesar de terem já 3 álbuns editados, e a entrada em palco do vocalista Javier Cardoso, mostrando o dedo do meio levantado em direcção ao público, fazia antever o pior. Puro engano! O groove do sexteto madrileño rapidamente veio ao de cima e a energia e atitude colocada em palco conquistou de imediato o público. De referir também que a banda apresenta uma secção rítmica reforçado, juntando à bateria de Daniel García a percussão de Míriam Baz. Os temas da banda colocavam facilmente o público a mexer, com mosh e crowd-surfing quanto baste, sendo o maior agitador o referido frontman da banda Javier Cardoso, com constantes esgares de raiva e saltando pelo palco, tendo mesmo chegado a ir para o meio do público num dos temas. Um concerto cheio de animação que terá cosquistado novos fãs para a banda.

Paradise Lost
2014-08-10 20:15 | 90 min
Foi pedindo desculpa pelo clima tipicamente britânico que nos assolava que Nick Holmes entrou em palco, dando início ao concerto com The Enemy. Este foi provavelmente o melhor concerto que os Paradise Lost alguma vez deram no nosso país, em grande parte graças à invulgar boa disposição de Nick Holmes mas também à setlist que se repartiria quase de forma Salomónica pela vasta discografia da banda. Este é um esforço que temos visto a banda a fazer nos muitos concertos que têm vindo a dar dar por cá, optando por tentar agradar aos fãs das diversas fases da banda, mas que inevitavelmente irá causar franzires de sobrolho aos fãs mais acérrimos da fase mais pesada da banda, pois acabam por ter de levar com os temas mais electrónicos a cortar por diversas vezes o ambiente. É certo que têm sido cada vez menos os temas dessa fase a fazer parte da setlist, mas é difícil de aceitar que temas como So Much Is Lost, Erased ou One Second sejam tocados em detrimento de outros como Widow, Forever Failure ou Embers Fire. Não sendo esta uma setlist perfeita, ainda assim foi melhor do que o esperado e se lhe juntarmos a referida boa disposição de Nick Holmes - os restantes membros mantiveram-se iguais a eles mesmos - e o jogo de luzes bem conseguido, acabámos por ter um bom concerto neste quase encerrar do festival.

Gojira
2014-08-10 22:00 | 90 min
Para encerrar, a organização conseguiu trazer pela primeira vez a Portugal uma das bandas que era pedida por muitos praticamente desde a primeira edição do festival - os franceses Gojira. Com eles veio também pela primeira vez nesta edição a chuva a sério, depois de pequenas ameaças durante os 3 dias. Mas a vontade de ver esta banda finalmente por estas paragens era tanta que poucos se refugiaram e a muralha humana que assistiu rapidamente ficou molhada até aos ossos, mas com enormes sorrisos de felicidade estampados nas faces. O concerto abriu com Explosia, do mais recente trabalho L'Enfant Sauvage, seguindo-se do mesmo álbum The Axe, com um crowdsurfing incessante a acompanhar. Sobre o palco, a contra-luz e os fumos dificultavam a tarefa dos fotógrafos de sobremaneira. Pelo meio, um cetáceo insuflável junta-se ao crowd-surfing e passa parte do concerto a ser levado pelo ar de um lado para o outro da assistência. Joe Duplantier manifesta-se várias vezes agradado por finalmente se estrear em Portugal, apesar deste país não lhe ser alheio a ele nem ao irmão Mario, indicando que se deslocam cá regularmente por alturas do Natal em visitas à avó, que é natural dos Açores e residente em Évora. O concerto rapidamente avançava para o seu fim, com o encore a trazer-nos um solo de bateria de Mario Duplantier ao qual se seguiram Terra Incognita e, para finalizar, Where Dragons Dwell. O público estava completamente rendido e ensopado, mas fizeram ainda questão de não levantar pé para ficar na foto final tirada pela banda, arrastando-se então para fora do recinto, chegando ao fim esta 6ª fantástica edição do Vagos Open Air!


Conclusão: Ainda que não saibamos os números oficiais, fica uma forte impressão de que esta 6ª edição do festival foi um sucesso. O público compareceu em maior número do que em qualquer uma das anteriores edições do festival e do que pudemos perceber das opiniões dos presentes relativamente ao cartaz e às prestações apresentadas em palco, era praticamente unânime que tudo tinha satisfeito ou superado as expectativas - e também para nós este foi um festival, no que toca a actuações, sem grandes decepções e com algumas supresas agradáveis. Gostávamos de ter visto os concertos de Kreator e de Behemoth com todos os extras que os temos visto a usar em concertos lá fora, entre painéis, suportes de micro e restantes adereços diversos sobre o palco e pirotecnia. É certo que mesmo sem os extras foram responsáveis pelos concertos mais intensos dos 2 primeiros dias, mas a experiência completa teria sido algo raras vezes visto por cá e tornaria os concertos ainda mais intensos e espectaculares. Não sabemos se essa ausência foi motivada por algum tipo de limitação técnica ou do palco, ou simplesmente uma questão contratual, mas fica a sugestão lançada para possíveis edições seguintes. Algo que também deverá ser melhorado no futuro é a qualidade do som. Este ano o som esteve muito confuso ou desiquilibrado em muitos dos concertos, não estando ao nível que se esperava mesmo nas bandas "grandes". Extra-concertos, gostávamos também que tivesse havido mais barracas / opções de comida, eram poucas e pouco variadas para tanta procura. As barracas de merch precisavam também de ter uma área um pouco maior para poderem espalhar melhor os seus produtos e as pessoas terem mais espaço para os ver sem andarem aos encontrões. Também o número de casas de banho terá de aumentar para conseguir dar resposta ao maior número de pessoas presentes, tanto no recinto como na zona de campismo. Tudo isto são pormenores que serão certamente simples de melhorar e que ajudarão o festival a continuar a seguir o excelente rumo e amadurecimento que tem demonstrado a cada ano que passa, tendo sido dado nesta 6a edição um enorme passo em frente. Os nossos parabéns à organização pelo esforço colocado e pelo risco assumido com um cartaz desta dimensão, foi fantástico e cremos que deu resultado! Obrigado por mais uma vez nos permitirem estar presentes, até para o ano!