🔍︎ | [PT] EN
🔍︎ | Contacto | [PT] EN
Reportagens de Concertos
Wacken Open Air 2014
2014-07-31 - 2014-08-02 | Wacken Open Air

Wacken Open Air - A terra do Metal! Este é o festival ao qual qualquer fã de metal deveria ir pelo menos uma vez na vida. Num ano em que festejava o seu 25º aniversário, foi para nós um enorme motivo de orgulho ter-nos sido dada a oportunidade de lá estarmos presentes para fazer a reportagem do evento. A nossa chegada à pequena localidade de Wacken, no norte da Alemanha, aconteceu a meio da manhã de terça-feira, conforme planeado. A ideia era repetir o que haviamos feito há 4 anos atrás e chegar com antecedência suficiente para ficarmos ainda em zonas de campismo próximas da zona do festival. [Nota: o Wacken Open Air é um festival extremamente bem organizado e dispõe de uma zona de campismo destinada à imprensa, mas como vinhamos acompanhados optámos por ficar na zona de campismo do público em geral]. O problema deste plano foi que, com o passar dos anos, cada vez mais pessoas começaram a adoptar essa ideia, e se em 2010 conseguimos deixar a tenda a 5 minutos de distância da entrada da Wackinger Village, desta vez a zona de campismo que nos calhou já ficou a uns bons 15 minutos. Depois de estacionar o carro alugado e pagar a taxa de chegada antecipada aos elementos da organização que de forma eficiente organizavam as chegadas dos campistas festivaleiros, rapidamente montámos a tenda e metemos pés a caminho para explorar o ambiente e tratar já de algumas tarefas. Depois de confirmar que havia uma zona de chuveiros/wc's suficientemente perto, dirigímo-nos às bilheteiras para levantar as pulseiras e o Full:Metal:Bag, que este ano incluía um sempre útil Rain Poncho, um postal, um patch, um autocolante, um iman, tampões para os ouvidos, uma caneta, um preservativo e, uma novidade, uma garrafa de água dobrável, tudo isto com o logotipo desta edição do festival. De seguida tratámos também de comprar os nossos passes de acesso aos banhos e wc's, e seguimos então para fora do recinto e para o centro da localidade. Wacken é uma pequena e pacata localidade de 1.800 habitantes que se vê pacificamente invadida anualmente por cerca de 80.000 fãs de metal, durante a semana do festival. Os seus habitantes recebem os festivaleiros de braços abertos ou, para ser mais exacto, de braços em riste e a fazer cornos com os dedos das mãos! As ruas ficam movimentadas de pessoal vestido de preto ou de ganga e patches, ou de licra, ou de kilt, ou de pirata, ou de viking, ou mesmo de coelho de peluche, fato de banho do Borat, pequena fadas, ou qualquer outra indumentária - ou falta dela. A nossa próxima paragem obrigatória era na bancada de merch que se encontra junto à loja oficial do Wacken, para comprar as t-shirts desta edição do festival. Como habitualmente, estavam disponíveis vários modelos alternativos para escolha, e enquanto lentamente iamos avançando na fila, a t-shirt que tinha sido mentalmente a nossa primeira escolha lá ficou esgotada antes de chegar a nossa vez de sermos atendidos. No entanto, a segunda escolha mental ainda estava disponível, e conseguimos deixar também já despachadas as nossas compras de memorabília (em conjunto com o DVD da edição do ano passado e uma W:O:A Christbaumkugeln, que é como quem diz, uma Bola de Natal do Wacken. Sim, há Bolas de Natal do Wacken. And yes, metalheads have X-mas trees, too!). Feitas as compras e concluído o passeio exploratório, restava-nos descansar o corpo para estarmos prontos para os dias que se seguiam.

No dia seguinte, 4a-feira, arrancava o Dia 0 do festival. A zona dos palcos principais apenas abriria, como habitualmente, na tarde de quinta-feira, mas as restantes áreas estavam já abertas ao público. Depois de tratar de levantar a acreditação e acesso ao photopit, lá passámos pelas bilheteiras, que hoje já apresentavam uma enorme fila que permaneceria assim até ao final da tarde, e entrámos na zona do festival que dava acesso à tenda Bullhead City Circus, vendo as diversas áreas de interesse lá localizadas - um palco alternativo, barracas de merch, karaoke, entre vários outros. À volta do recinto foram expostas em tamanho gigante reproduções de cartazes alusivos às edições anteriores do festival, com os posters oficiais, copos, bilhetes, pulseiras e alguns dados relevantes relativos a cada ano. Também algumas das fotos do livro "We The People of Wacken" foram reproduzidas em tamanho gigante e decoravam muitas das zonas de passagem entre áreas, com momentos hilariantes - e enlameados - capturadas fotograficamente pelo autor do livro, o fotógrafo Pep Bonnet. No recinto imediatamente ao lado, encontrava-se a Wackinger Village, que é uma aldeia medieval que desde 2009 tem estado inserida no festival e que dispõe de exibições, barracas de artesanato, comércio e comida e também um palco, o Wackinger Stage, onde diversas bandas de sonoridade mais folk iriam tocar. Seria aqui que iríamos começar a nossa maratona musical, 4 dias de muito metal, muito calor, muitas fotos e muita diversão, no 25º Aniversário do maior festival de metal do mundo! Aqui ficam já de seguida as fotos e comentários a todos os concertos a que assistimos!

DIA 0
Red Hot Chilli Pipers
2014-07-30 15:30 | 75 min
Começámos o nosso "aquecimento" no Wackinger Stage com os escoceses Red Hot Chilli Pipers. O género musical é descrito pela próprio banda como "Bagpipe Rock" e realmente é isso que fazem, interpretando diversos temas conhecidos como Thunderstruck (AC/DC), You're The Voice (John Farnham) ou We Will Rock You (Queen) juntando-lhes o som característico da gaita de foles. Em palco, todos vestidos a rigor, encontravam-se o diversos músicos, liderados por 3 tocadores de gaita de foles, ao centro, e acompanhados ainda por baterista, percussionista, teclista, baixista e guitarrista.


Magor
2014-07-30 17:25 | 20 min
Do palco medieval fomos para a enorme tenda Bullhead City Circus, onde desde 2012 o W.E.T. Stage passou a ser acompanhado por um novo palco, o Headbanger's Stage. Neste palco assistimos aos Magor, representantes israelitas que competiam na Wacken Metal Battle. Praticavam um black/death metal melódico, apresentando na sua sonoridade algumas leves pinceladas da sua cultura musical, reforçadas com a utilização de um instrumento utilizado numa das músicas pelo vocalista / guitarrista Aviv Hadari.

Vogelfrey
2014-07-30 20:30 | 45 min
Optámos por explorar um pouco as redondezas e demos uma volta pelo Beergarden e pelas barracas do Metal Market até chegarmos ao Movie Field, onde estava a passar o concerto de Dio - Live at Wacken 2004, sendo visível nas caras de alguns dos que se encontravam a assistir a saudade deixada por este pequeno/grande homem. Assistimos por alguns momentos e retornámos ao Wackinger Stage para assistir ao concerto dos Vogelfrey. Um concerto com alguma animação e que trouxe já um número considerável de pessoas à assistência.


Faun
2014-07-30 22:00 | 75 min
Seguiram-se os Faun, numa actuação muito bem conseguida e com um excelente jogo de luz e fumo. Em palco, Fiona Rüggeberg e Katja Moslehner atraíam grande parte das atenções, ladeadas por Oliver S. Tyr, Stephan Groth e Rüdiger Maul e a parafernália de instrumentos musicais utilizados, que incluíam um hurdy-gurdy, berimbau, mandocello, gaita de foles ou flautas, entre outros. Mais atrás, Niel Mitra escondia-se por trás do computador e teclas. O público protagonizou uma enorme enchente para assistir a um excelente concerto de folk/medieval que encheu a noite de melancolia, criando um ambiente fantástico. Findo o concerto, ainda pensámos em ir espreitar o concerto de Mambo Kurt que habitualmente marca o final do dia 0, mas a confusão no acesso à tenda era muita e optámos por seguir viagem até à nossa tenda, para descansar para os 3 longos dias repletos de concertos que se iriam seguir.

DIA 1
Hellhound
2014-07-31 13:05 | 20 min
Começámos o Dia 1 com nova deslocação à tenda para assistir a mais algumas Metal Battles. No Headbanger Stage encontravam-se os representantes japoneses Hellhound a apresentar o seu thrash old-school muito bem interpretado e que colocou muitas cabeças a abanar. Boa presença em palco, incitando o público e realizando uma prestação francamente positiva.

Revolution Within
2014-07-31 13:30 | 20 min
Seguia-se um dos concertos que mais esperávamos, com a participação dos nossos Revolution Within. O público encontrava-se bem composto e com muitos compatriotas presentes bem à frente, junto às grades. Ao longo dos 4 temas a que estão limitadas as participações nesta competição, Raça e Companhia apresentaram a garra e energia a que os seus concertos nos têm habituado. A distância que separava o palco do público era consideravelmente maior àquela a que estamos habituados nos concertos da banda, e essa distância fez-se sentir um pouco, faltando aquela pontinha de energia extra que surge quando temos a banda a tocar mesmo ali à frente à distância de um braço esticado. Não sabemos se foi de forma consciente ou instintiva, mas Raça tentou compensar isso mesmo sempre que se dirigia ao público, chegando-se o mais à frente possível, saltando do palco para as colunas que se encontravam um pouco mais à frente. E, se desta vez não ouvimos o seu habitual "É do caralho!", foi certamente apenas por motivos linguísticos, pois era visível na sua face e nas dos restantes colegas de palco que estavam a gozar ao máximo o momento, sendo igualmente perceptível que do lado do público também estavam a gostar da prestação da banda, tendo havido mesmo alguns circle pits durante os temas.

Evocation
2014-07-31 13:55 | 20 min
Imediatamente após a participação lusa, seguiram-se no Headbanger Stage os Evocation, vindos de Hong Kong, China. Apresentaram-se em palco com algumas faixas com aspecto tradicional, criando um impacto visual apelativo e positivamente diferenciador. A sonoridade era black/death metal, com alguns elementos orientais na instrumentação e letras, havendo uma consistência entre o que ouviamos e o que viamos. O vocalissta Tomy Chiu liderava em palco, gesticulando e dirigindo-se ao público, enquanto de cada lado o baixista Chow Chung e o guitarrista Fayley Dark impunham respeito com um constante headbanging. Um concerto interessante e muito bem recebido pelo público presente.

Skyline
2014-07-31 15:45 | 45 min
Finalmente, chegou a hora de abrir o acesso à enorme zona dos palcos principais, que como habitualmente iria abrir com a actuação dos Skyline - sendo apenas antecipada por uma banda que, a partir da varanda da Jägermeister fez playback ao som de algumas adaptações de temas conhecidos, um pouco à imagem do que os Red Hot Chilli Pipers tinham feito, mas virado para outros instrumentos de sopro mais orquestrais. Rapidamente chegou a altura dos Skyline entrarem em palco e oficializarem o arranque do festival. A antiga banda de Thomas Jensen, co-fundador e organizador do festival, apresentou versões de Manowar, Ozzy Osbourne, Iron Maiden e mesmo algumas inesperadas como a (terrífica) versão de Black #1 dos Type O Negative, projectando nos ecrãs em simultâneo uma imagem em memória de Peter Steele. Mas independentemente da qualidade de interpretação, este concerto em particular é sempre motivo de festa. Por um lado, desde 2009 que os Skyline são a banda que marca a abertura do Main Stage, como que oficializando o início "a sério" do festival. Para além disso, e mais importante ainda, se hoje existe um Wacken Open Air é porque há 25 anos atrás Thomas Jensen e Holger Hübner resolveram fazer um festival na sua terra para poderem tocar com esta sua banda, surgindo assim a primeira edição daquele que se veio a tornar no maior festival de metal do mundo.

[In Mute]
2014-07-31 16:35 | 20 min
Apesar do palco principal ter acabado de arrancar, rapidamente fizemos uma viagem de regresso à tenda onde continuava a decorrer a Metal Battle, encontrando-se em palco os participantes espanhóis [In Mute]. Apresentavam um melodic death metal com algum groove à mistura e da actuação sobressaíam o guitarrista Cristobal mas principalmente, pelo visual e pela emotividade, a vocalista Steffi.

Huldre
2014-07-31 17:00 | 20 min
Mas o que nos tinha trazido de regresso à enorme tenda era mesmo a participação que se seguia. Os dinamarqueses Huldre tinham-nos deixado uma impressão positiva quando em 2012 fizemos a review do seu álbum de estreia Intet Menneskebarn, e tinha muita curiosidade em ver como é que resultavam ao vivo. E fomos surpreendidos logo desde o início com a transformação realizada ao palco, que ficou repleto de vegetação. Os músicos em palco eram muitos, todos eles equipados a rigor em trajes de tons verde, em comunhão com o ambiente natural que recriaram em palco. Os 4 temas tocados - Beirblakken, Ulvevinter, Knoglekvad e Skærsild - faziam parte dos 5 temas que tinhamos eleito na review como sendo os nossos preferidos, e ao vivo ganharam uma intensidade ainda maior. Nanna Barslev encantava-nos com a sua voz e performance, tanto nos momentos mais calmos como nos mais animados, saltando e puxando pelo público, ou mesmo oferendo-lhes ossos!!! Um concerto bem interessante, que confirma o valor desta banda! A rever assim tenhamos a sorte de nos cruzarmos novamente, se possível num concerto mais extenso!

Hammerfall
2014-07-31 18:00 | 75 min
E voltámos à música com os germânicos Hammerfall, que regressavam assim aos palcos. Entre inúmeras promessas de que não voltariam a abandonar as actuações ao vivo, tocaram como prometido o álbum Glory To The Brave na integra, contando ainda com a participação especial em palco de antigos membros. O set incluiu ainda alguns temas de outros álbuns e também o novo tema Bushido, em estreia ao vivo.

Steel Panther
2014-07-31 19:30 | 75 min
Seguiram-se no palco ao lado os norte-americanos Steel Panther. Já os tinhamos visto há cerca de um mês atrás no Metalfest Loreley e temíamos que houvesse uma repetição das piadas e diálogos que tinhamos visto, mas no geral este concerto acabou por ser bastante diferente. Não sei se foi planeado desta forma desde o início ou se simplesmente aproveitaram o facto das coisas terem seguido esse rumo, mas o concerto acabou por se encaminhar todo num único sentido - MAMAS! - chegando o momento final épico com a banda a convidar as raparigas do público a avançarem, saltarem as grades, subirem ao palco e mostrarem os respectivos dotes ao som da adequada Party All Day (Fuck All Night)! A adesão foi grande, assim como a diversão em palco - com beijos e lambidelas à mistura!

Saxon
2014-07-31 21:00 | 75 min
Depois da devassidão, seguiu-se o momento solene! Um concerto dos Saxon em Wacken é sempre algo especial e digno de respeito, e este não foi excepção! Biff Byford deu os parabéns ao Wacken pelos 25 anos e lembrou os 35 anos de existência da banda, mas apesar do passar dos anos este continua a ser um frontman enérgico e imponente, conduzindo de forma perfeita tema após tema. E quando ouvimos Wheels Of Steel ou 747 (Strangers In The Night a serem tocadas tão cedo na setlist, sabiamos que nos esperava algum tipo de surpresa. E logo de seguida isso foi confirmado, com o palco a transformar-se numa enorme catedral, aparecendo uma mini-orquestra constituída por 4 violinos e percussão que se juntou aos britânicos para interpretarem os restantes temas a partir daí. Arrancaram com Crusader, numa versão em que as orquestrações produziram um belo efeito, aliadas ao espectáculo visual bem trabalhado e que foi igualmente acompanhando a actuação. Passaram ainda por temas como Power and the Glory, Princess of the Night ou a inevitável Denim and Leather, com que encerraram um concerto memorável!

Accept
2014-07-31 22:00 | 90 min
E no palco ao lado seguiram-se outros históricos do heavy metal, os germânicos Accept. Uma banda que se redescobriu desde o seu regresso ao activo em 2009 com o novo vocalista Mark Tornillo e que desde então lançou 3 excelentes álbuns e tem convencido tudo e todos, tanto em estúdio como nas actuações ao vivo. E foi isso mesmo que confirmámos quando o colectivo liderado pelo carismático guitarrista Wolf Hoffman, sempre em foco, abriu a actuação estreando o novo tema Stampede e arrancou para uma actuação em que intercalou temas novos e antigos, obtendo uma excelente reacção por parte do público. Mais para a frente, não puderam faltar clássicos como Metal Heart ou Balls To The Wall, hinos do metal que como sempre foram cantados por todo o público.

Masterplan
2014-07-31 23:00 | 45 min
Calhou aos Masterplan a fava de tocar na tenda enquanto os Accept tocavam no palco principal. Como nunca os tinhamos visto ao vivo, acabámos por deixar os Accept e seguir até à tenda, que não estava tão cheia quanto a banda mereceria, mas também não estava tão vazia quanto se temeria. Abriram o concerto com Enlighten Me, com algum fogo à mistura, (o que impediu a realização de fotos a partir do photopit) e deram um concerto razoável para um final de dia em que já nos encontravamos algo cansados. Acabámos por não ficar até ao fim e seguimos para um necessário descanso, pois os próximos dias seriam bem mais longos...

DIA 2
Chthonic
2014-08-01 11:00 | 45 min
Depois de algumas gotas de chuva timidamente aparecerem, foi já com um sol radiante que os Chthonic abriram este segundo dia de festival, às 11 horas da matina, no Black Metal Stage. O colectivo oriundo de Taiwan apresentou-se pela 3ª vez no Wacken, e desta vez veio acompanhada de uma orquestra - a Chai Found Oriental Orchestra, cujos elementos tocam diversos instrumentos musicais tradicionais orientais. Dignas de ressalva são também as projecções efectuadas no enorme ecrã que se encontrava por trás do palco, acompanhando todos os temas e acrescentando-lhes movimento e cor. O efeito final de todos estes elementos combinados resultou bastante bem, notando-se um grande salto se comparado com o concerto que os tinhamos visto a dar há alguns anos no "nosso" Vagos Open Air. Sobre o palco, as atenções continuam a dividir-se entre 2 principais focos de interesse - de um lado, a belíssima Doris Yeh capta as atenções com o seu visual sempre cativante enquanto ao centro o vocalista Freddy Lim puxa pela sua garra e energia para contrabalançar. Quanto ao público, apesar das horas rapidamente foi aparecendo em muito bom número, mostrando-se muito enérgico também na forma como vibrava com a actuação.

Skid Row
2014-08-01 11:55 | 60 min
O primeiro concerto do dia no vizinho True Metal Stage foi o dos históricos norte-americanos Skid Row. Ainda hoje considero o álbum Slave To The Grind, que lançaram em 1991, como um dos meus álbuns favoritos, e encarava este concerto com alguma expectativa e um misto de esperança e receio. Expectativa pois esta era a primeira vez que os iria ver ao vivo; Esperança pois efectivamente esperava ouvir alguns dos clássicos de há mais de 2 décadas atrás; Receio pois já lá vai muito tempo e muitas mudanças desde essa altura, e os trabalhos que a banda lançou posteriormente nunca me encheram as medidas. E fui positivamente surpreendido, pois acabei por ouvir mais clássicos do que esperava, e interpretados à altura! Do "meu" Slave To The Grind ouviram-se Monkey Business e o tema-título, e do anterior álbum Skid Row, com que se estrearam, tocaram um total de 6 temas, incluíndo os hinos de juventude 18 And Life, I Remember You e, claro, um Youth Gone Wild que acompanhei em altos berros e de punho bem erguido! Johnny Solinger é um vocalista bem diferente de Sebastian Bach mas demonstrou que sabe cumprir muito bem o seu papel, enquanto um sempre sorridente Dave "The Snake" Sabo distribuía simpatia em todas as direcções. Uma agradável viagem ao passado, foi bom ver que ainda sabia de cor a letra de muitas destas músicas.

Endstille
2014-08-01 13:05 | 60 min
Ao hard-rock seguiu-se o agreste black metal dos germânicos Endstille. Com um palco repleto de arame farpado e edifícios destroçados, deram um concerto devastador perante um público que se apresentou com muitas caras pintadas propositadamente para o efeito. Apesar de toda a agressividade colocada na actuação, foi surpreendente ver no final do concerto membros da banda a descer do palco, avançar sobre as grades e dirigir-se directamente ao público, cumprimentando e trocando impressões durante largos minutos.

Five Finger Death Punch
2014-08-01 14:15 | 60 min
Voltando novamente ao palco do lado, apresentaram-se os Five Finger Death Punch, num concerto em que se notou uma mudança na tipologia do público - o público mais jovem aproximou-se e mostrou-se bem animado enquanto o pessoal mais velho aproveitou para se afastar um pouco e ver mais à distância enquanto aproveitava para comer qualquer coisa. O concerto foi movimentado, com particular destaque para o vocalista Ivan e para o baixista Chris, detentor de uma barba digna de fazer inveja ao pirata Davy Jones.

Bring Me The Horizon
2014-08-01 15:30 | 60 min
E o público que se tinha chegado à frente rapidamente se deslocou para o palco mais à esquerda para assistir aos Bring Me The Horizon. Um concerto em que Oliver Sykes foi o principal incitador da multidão ao colocar muita garra na sua prestação.

Heaven Shall Burn
2014-08-01 16:45 | 60 min
E chegou a vez dos Heaven Shall Burn se chegarem à frente e darem um dos melhores concertos da tarde. Com um palco decorado a rigor, representando uma paisagem urbana com polícia de choque à mistura e barreiras anti-tanque mais à frente sobre as colunas, rapidamente deram origem ao habitual motim provocado pelos seus concertos, muito graças à prestação de Marcus Bischoff. Apresentou-se com a sua habitual camisa vermelha mas, mais importante do que isso, também com a sua habitual raiva que, aliada à sua presença carismática, incendiou a multidão e levou mais uma vez a que fossem responsáveis por um dos concertos mais movimentados do festival, por parte do muito público presente. Os temas tocados foram bem distribuídos pela discografia da banda, sendo o mais recente trabalho Veto o mais representado, com 3 temas tocados. A referir ainda um momento inesperado, quando tocaram Black Tears, um original dos Edge of Sanity, com a presença em palco de Dan Swanö, sem dúvida um dos momentos altos deste concerto que acabaria com a já habitual versão de Valhalla, um original dos Blind Guardian. Brutal!

Children of Bodom
2014-08-01 18:00 | 75 min
Continuando nos palcos principais, seguiu-se o concerto de Alexi Laiho e os seus Children of Bodom. Abriram com Needled 24/7 e seguiram com Kissing the Shadows, com Laiho ao centro rodeado de monitores, como tinhamos visto no final do ano passado aquando da passagem da banda por Portugal. Esse concerto foi no entanto algo diferente deste: por um lado, sendo esse um concerto de promoção de Halo Of Blood, naturalmente teve mais músicas desse trabalho na setlist, e por outro, sendo um concerto em sala, acabou por ter um ambiente mais intimista do que no maior festival de metal do mundo, num palco gigantesco afastado umas 2 dezenas de metros do público. O público é que se esteve nas tintas para essa distância e respondeu à potente actuação da melhor forma que podia: com uma interminável sequência de crowd-surfing, do principio ao fim do concerto. Towards Dead End, Bodom After Midnight e Downfall, tocadas já perto do final do concerto, fizeram as delícias do público, originando níveis máximos de headbanging.

Apocalyptica
2014-08-01 19:30 | 75 min
E se no início do dia os Chthonic trouxeram uma orquestra ao Black Metal Stage, agora ao final da tarde foi a vez dos finlandeses Apocalyptica o fazerem no contíguo True Metal Stage, apresentando-se acompanhados da também finlandesa Avanti! Chamber Orchestra. "Uma banda que consiste em 3 violoncelos e uma bateria resolve incluir ainda mais instrumentos clásssicos? Onde é que isso é metal?" perguntais vós. Pois bem, a verdade é que o resultado combinado dos violoncelos distorcidos com o suporte da orquestra - que incluía diversos instrumentos de corda, sopro e percussão - funcionou em pleno, adensando os temas e adicionando novos motivos de interesse a temas já mais ou menos conhecidos. A setlist baseou-se mais em temas originais do que em versões, o que é representativo de que a banda já há muito que deixou de ser "a banda que faz umas covers com violoncelos" e foi um concerto interessante de assistir, mas o cansaço acumulado de um dia que já ia a mais de meio acabou por fazer com que a partir de certa altura se fosse perdendo parte da atenção e interesse. Para o encore, a banda tem vindo a reservar a versão de Nothing Else Matters - em detrimento de uma Master Of Puppets que ficou a faltar e teria soado bem melhor! - encerrando de seguida com Hall of the Mountain King.

Motörhead
2014-08-01 21:00 | 75 min
Os Motörhead apresentaram-se em Wacken um ano depois de terem sido forçados a deixar a sua actuação a meio devido às dificuldades sentida em palco por Lemmy, pelo que era natural que houvesse uma grande curiosidade em torno desta actuação. O trio entrou em palco e abriu com Damage Case, sendo desde logo evidente que apesar do regresso, Lemmy ainda se encontra algo fragilizado. O concerto teve um andamento um pouco morno, mas nada que perturbasse o público presente. Phill Campbell foi chamando pela audiência, assim como um animado Mikkey Dee, que apenas conseguiamos ver por trás da enorme bateria quando se levantava no final dos temas, de braços bem no ar. Pelo meio começámos a dirigir-nos para a tenda onde iriamos assistir aos próximos concertos e acabámos por não assistir à participação de Doro no tema Killed By Death.

Hell
2014-08-01 21:40 | 45 min
E pela primeira vez neste segundo dia de festival abandonámos a zona dos palcos principais e deslocámo-nos em direcção à enorme tenda onde iam tocar os britânicos Hell. O álbum Curse & Chapter, lançado no ano passado, foi na nossa opinião um dos melhores trabalhos de metal do ano, e tinhamos altas expectativas em vê-los pela primeira vez. E foi precisamente com The Age of Nefarious, tema inicial do álbum, que abriram o concerto. A sua apresentação vistosa e obscura captou desde logo as atenções, mas o que mais sobressaiu foi a extraordinária prestação do vocalista David Bower. A macabra performance foi avançando, com fumo e fogo à mistura, passando por temas como On Earth as It Is in Hell, Something Wicked This Way Comes, End Ov Days ou Land of the Living Dead sempre com grande efeito. Nas guitarras, de cada lado do palco, Kev Bower e Andy Sneap tocavam os riffs cortantes dos temas enquanto Tony Speakman era uma sombra assustadora que se mantinha em constante movimento. Perto do fim, David Bower empunhou uma bandeira com o símbolo da banda perante um público visivelmente satisfeito, que correspondia com braços no ar e headbanging à prestação memorável da banda. Quando o concerto chegou ao fim, ainda demorámos um pouco a perceber o que tinha acontecido... afinal, tinhamos acabado de assistir a um dos melhores concertos desta edição do Wacken!

Slayer
2014-08-01 22:30 | 75 min
A nossa deslocação à tenda e seus palcos secundários coincidiu também com a actuação dos Slayer no True Metal Stage, pelo que não tivemos possibilidade de os fotografar. É sabido que nestes festivais com multiplos palcos se torna necessário por favor fazer escolhas difíceis e esta foi uma delas, acabando por influenciar a escolha o facto de já termos visto e fotografado Slayer há cerca de um ano atrás também aqui na Alemanha, no Metalfest Loreley. Ainda assim, conseguimos regressar a tempo de assistir a mais de metade da actuação dos norte-americanos, chegando quando soavam os acordes de War Ensemble. O palco era algo de imponente, com colunas colocadas em forma de cruz invertida de cada lado do logo da banda, tudo envolto em muita luz vermelha e muito fogo. Assistimos de longe (porque o público era muito) a clássicos como Born of Fire, Seasons In The Abyss, Dead Skin Mask ou Raining Blood, entre muitos outros, ficando para o encore a agora habitual homenagem a Jeff Hanneman com o nome escrito em formato de rótulo de cerveja a aparecer ao som da Angel of Death.


Nightmare
2014-08-01 22:35 | 45 min
Continuámos na tenda para assistir ao concerto dos franceses Nightmare, que aconteceria imediatamente de seguida no Headbanger Stage. A veterana banda francesa apresentou-se bastante bem disposta e com muito à vontade sobre o palco, com especial destaque para o vocalista Jo Amore e para o guitarrista Matt Asselberghs , sempre chegado bem à frente do palco. O seu heavy/power metal é agradável de ouvir, mas acabou por sofrer do infeliz facto de estarem a tocar depois do fantástico concerto dos Hell, e após alguns temas metemos pés a caminho para regressar aos palcos principais.

King Diamond
2014-08-02 00:00 | 90 min
E no Black Metal Stage seguiu-se o concerto que mais aguardava deste festival! 13 anos depois, ia voltar a ver o Rei! Mal se abriram as cortinas encontrámos o majestoso palco que King Diamond tem usado desde que voltou aos concertos em 2012, com as grades à frente, escadaria à volta da bateria e a mansão como pano de fundo. Pouco depois, o ambiente escureceu e Mike Wead apareceu de um dos lados da escadaria, acompanhado do baixista Pontus Egberg, que estava a ocupar a vaga deixada após a saída/despedimento de Hal Patino apenas há 2 semanas atrás. Ao centro, Matt Thompson já se encontrava por trás da baterias e do outro lado viamos Andy LaRocque também a descer a escadaria, enquanto escondida um pouco ao lado estava Livia Zita, esposa de King Diamond e responsável pelas segundas vozes. O King apareceu pouco depois no topo das escadas enquanto arrancou o tema de abertura The Candle. Seguiu-se Sleepless Nights e logo depois Welcome Home, a música perfeita para introduzir a Granny, e lá apareceu ela na sua cadeira de rodas, realizando-se uma grande interação entre ela e King, ao sabor da letra da música. Entretanto o gradeamento é recolhido e o concerto vai avançando para mais temas, passando por grande parte da discografia e incluindo mesmo 2 temas de Mercyful Fate - Evil e Come To The Sabbath. A teatralidade esperada num concerto de King Diamond esteve sempre presente, como em The Puppet Master, com a presença em palco de um fantoche humano, ou em Shapes of Black com uma sombra a atormentá-lo de forma constante enquanto ele se lamuriava. E rapidamente percebemos que o final estava próximo quando soou Eye of the Witch. Pouco depois, regresso ao palco para o encore, com King a reescrever a história e a colocar Granny dentro dum forno para ser cremada, sendo acompanhado pelo Doctor Landau e pelo Reverend Sammael, tudo isto enquanto Cremation era tocada. Seguiu-se The Family Ghost, encerrando de seguida o concerto com Black Horsemen e Miriam no topo das escadas. Foi óptimo rever o Rei, tanto tempo depois, e exceptuando algumas desafinações e desencontros entre a voz principal e secundárias, tudo soou perfeito. A iluminação foi pouca e obscura, como se exigia num concerto destes, e a teatralidade foi também a esperada, apesar de ter faltado alguma sensação de imprevisibilidade e parecer tudo um pouco maquinal, "em modo automático". Faltou ainda uma maior assistência, mas infelizmente no Party Stage estavam os também fantásticos Saltatio Mortis e naturalmente levaram também muito público com eles. Quanto à setlist, é sempre impossível agradar a todos, mas gostava de ter tido mais minutos de concerto e de ter ouvido músicas como Abigail, Up From The Grave, Dressed In White, No Presents For Christmas ou mesmo The Spider's Lullabye, apesar de King já não tocar algumas destas músicas há mais de uma década. Pode ser que em próximas tours tenhamos direito a recuperar algumas destas pérolas! Long live the King!

W.A.S.P.
2014-08-02 01:45 | 75 min
Foi já com o cansaço acumulado de um longo dia que se chegou ao último concerto desta segunda noite de festival. E arrancou com uma desilusão! Assim como quando os tinha visto neste mesmo palco em 2010, mais uma vez Elvis, o imponente e famoso suporte de microfone de Blackie Lawless mais uma vez não iria estar presente. Um pormenor insignificante, podereis dizer, mas este é um daqueles items lendários da história do heavy-metal, e gostava de ter tido a oportunidade de o ver num festival destas dimensões. Para compensar um pouco, tivemos direito a umas projecções gigantes de imagens e vídeos nos ecrãs por trás do palco, assim como um fantástico jogo de luzes, o que permitiu criar cenários fantásticos sobre o palco. Abriram de forma clássica, com On Your Knees, e pouco depois seguir-se-iam The Real Me, L.O.V.E. Machine e Wild Child. Blackie esteve pouco movimentado por trás do micro, ao contrário de Doug Blair, bem mais irrequieto na guitarra. No entanto, com o passar dos minutos a longa viagem que tinha pela frente até voltar à tenda acabou por falar mais alto e acabei por vagarosamente me ir encaminhando nesse sentido, acabando por infelizmente perder a parte do set dedicada a The Crimson Idol...

DIA 3
Arch Enemy
2014-08-02 12:00 | 60 min
E o terceiro e último dia de festival arrancou ao final da manhã, e logo com um nome de peso, apresentando-nos os Arch Enemy e a sua mais recente vocalista Alissa White-Gluz. Substituir uma das vocalistas mais famosas do metal como Angela Gossow era tarefa que se julgava titânica, mas Alissa demorou poucos instantes a demonstrar porque foi escolhida para a sucessão! Com uma energia contagiante, já tinha todo o público na mão ainda antes de se chegar ao primeiro refrão do tema de abertura, Yesterday Is Dead and Gone. Michael Amott e Sharlee D'Angelo bem tentaram roubar um pouco da atenção, enquanto Nick Cordle se manteve um pouco mais discreto do outro lado do palco, mas o furacão que era Alissa em palco não dava hipóteses a ninguém e ora sozinha ora a interagir com algum colega em palco, fazia a festa toda. Um excelente início de dia!

Sodom
2014-08-02 13:15 | 60 min
Seguiram-no ao lado, no True Metal Stage, os germânicos Sodom. O trio liderado por Tom Angelripper encheu o palco de fumo laranja e abriu no mesmo tom, com Agent Orange. O thrash foi mais ou menos uma constante em palco, apenas com uma ou outra música a destoar com algumas influências punk / crossover. O público foi reagindo bem e com muito mosh.

Behemoth
2014-08-02 14:30 | 75 min
Regresso ao Black Metal Stage para os muito esperados Behemoth! Os polacos lançaram este ano o excelente álbum The Satanist e estavamos ansiosos por revê-los desde o fabuloso concerto de há 2 anos em Loreley. Nergal entrou em palco empunhando 2 archotes e colocando-se de costas para o público até ao arranque com Blow Your Trumpets Gabriel, do novo álbum - assim como a seguinte Ora Pro Nobis Lucifer. Pena foi que tivesse calhado aos negros polacos tocar num dos momentos de maior luminosidade do dia, logo ao início da tarde, o que retirou grande parte do impacto visual e intensidade da actuação. Também as chamas em Christians To The Lions passaram bem mais despercebidas do que quando os viramos há 2 anos, mas não foi por isso que Nergal, Orion, Seth e Inferno se pouparam de esforços. A interação entre eles em palco e a intensidade visível nas suas faces ajudavam a esquecer um pouco o contraste que tanta claridade estava a causar numa actuação destas, e de repente tudo se fez perfeito quando regressaram para no encore interpretar a fantástica O Father O Satan O Sun!. Um final apoteótico e épico!

Devin Townsend
2014-08-02 16:00 | 75 min
E seguiu-se o génio louco canadiano e o seu projecto! Devin Townsend entrou em palco a abriu com um "Hey, that's a big weiner!" referindo-se a uma salsicha insuflável gigante que um elemento do público levantava sobre as cabeças da restante assistência. Foi com Seventh Wave que o concerto arrancou, com Devin desde logo a divertir o público presente com as suas expressões e comentários. Seguiram-se War e de seguida By Your Command, com um pequeno Ziltoid a vislumbrar-se no meio do público, trazido por um fã. Devin continuou em grande nas suas intervenções, referindo vantagens de se utilizar protector solar e que isso deixaria as respectivas mães extremamente orgulhosas; em Numbered! indicou em forma de gozo que não utilizam faixas gravadas precisamente num momento em que praticamente apenas se ouvia a gravação da voz de Anneke Van Giersbergen; por mais do que uma vez, pediu a colaboração do público para acenar com os braços, de forma gay, e posteriormente de forma ainda mais gay. Antes de começar a tocar Planet of the Apes indica para o público que de seguida vai ser tocada uma música extremamente longa, que o melhor será irem dar uma volta e beber umas cervejas. Sem querer estar aqui a transcrever todos os momentos humorístico criados por Devin, há um que não posso deixar em claro! Depois de apresentar várias músicas como sendo "about love", antes de Grace ele vai mais longe e, em vez de pedir um moshpit, resolve pedir um abraço de grupo ao público. Resultado: um enorme abraço de grupo em pleno Wacken Open Air, culminado com um "The guy in the middle has a huge boner right now!". Relativamente à setlist, houve efectivamente muitos temas "about love", talvez um ou dois em excesso... gostava de ter ouvido um pouco mais de Ziltoid ou mesmo temas mais divertidos como Animals, mas não foi por isso que deixei de me divertir à grande com esta actuação!

Emperor
2014-08-02 17:30 | 75 min
Regresso ao Black Metal Stage para mais... Black Metal à luz do dia! A reunião dos Emperor tinha sido uma das primeiras confirmações para esta edição do Wacken, e vinham dar um concerto especialmente dedicado ao 20º aniversário do seu primeiro álbum In the Nightside Eclipse. A acompanhar Ihsahn, Samoth e Faust estavam Secthdamon no baixo e Einar Solberg nas teclas, e curiosamente eram estes 2 convidados os elementos mais activos sobre o palco, realizando um headbanging constante, contrastando com a postura quase introspectiva de Samoth e o estilo intelectual de Ihsahn. Confesso que nunca fui seguidor destes noruegueses, mas causou-me estranheza a falta de relação entre os músicos sobre o palco, como se estivesse cada um a tocar para si. Assim, para dar vida ao palco, restava-nos a pirotecnia - e foi muita e diversa, com fogo e vários tipos de fogo-de-artifício a subir do chão, a descer do topo do palco ou simplesmente a materializar-se à nossa frente. O impacto visual teria sido fabuloso se o concerto tivesse sido à noite, mas ainda assim deu bastante nas vistas. E quanto a música, o que dizer? O som esteve num excelente nível e as interpretações também, arrancando o concerto da mesma forma que o homenageado álbum, com Into the Infinity of Thoughts e seguindo pela mesma ordem até ao seu tema final Inno a Satana. Seguiu-se um encore com os temas Ancient Queen, Wrath of the Tyrant e finalmente a versão de Bathory num "tributo aos velhos tempos", A Fine Day To Die.

Amon Amarth
2014-08-02 19:00 | 75 min
E seguiu-se no True Metal Stage um forte candidato a melhor concerto do festival, com os suecos Amon Amarth. Em 2009 trouxeram um barco viking para o palco? Pfff, desta vez trouxeram 2 enormes serpentes que, de cada lado do palco, cuspiam fumo pela boca e eram grandes o suficiente para permitir ter Johan Hegg a cantar do topo das suas cabeças. O pano de fundo tinha também motivos nórdicos, estando também sobre o palco um par de runas a brilhar em vários tons. O concerto abriu com um trio de temas do mais recente álbum - Father of the Wolf, o tema-título Deceiver of the Gods e As Loke Falls - e como vem sendo habitual, rapidamente conquista todo o público que não consegue deixar de acompanhar, fazer headbanging e gritar os coros! De repente, todo o espaço à frente do duo de palcos principais ficou repleto de gente que não levantou pé enquanto não deixou de soar o último acorde do concerto. Para além das imponentes serpentes, tivemos novamente um excelente trabalho de pirotecnia, luzes e fumo, cuja combinação resultou num sem-número de espectaculares ambientes criados em palco. Depois do final com Victorious March, houve lugar a um encore com Hegg a empunhar um enorme mjölnir! Ao bater com ele no chão deu origem a fogo de artifício no palco enquanto se arrancava para o término, com Twilight of the Thunder God e finalmente The Pursuit of Vikings, com dezenas de milhares de vikings a cantar o riff de guitarra.

Megadeth
2014-08-02 20:30 | 75 min
O final da tarde chegou com os Megadeth. Dave Mustaine e companhia abriram logo com Hangar 18, levando o publico ao rubro. O palco apresentava paineis gigantes onde eram projectados videos e que provocavam um belo efeito. Wake Up Dead e In My Darkest Hour seguiram-se de imediato, colocando a actuação num patamar bem elevado. Depois de um arranque tão forte, seria sempre difícil manter o nível e efectivamente este foi decaindo um pouco com os temas que se foram seguindo. Sweating Bullets e Tornado of Souls ainda tentaram recuperar um pouco o andamento, mas por outro lado Trust ou Kingmaker logo trataram de refrear novamente o ritma, e aproveitámos a deixa para seguir em direcção aos palcos secundários.

Avantasia
2014-08-02 22:00 | 120 min
Enquanto assistíamos aos concertos de Fleshgod Apocalypse e de ICS Vortex nos palcos secundários, no palco principal os Avantasia davam um concerto de casa cheia. Tudo aponta para que tenha sido um dos momentos altos do dia, mas infelizmente quando regressámos já só apanhámos os agradecimentos finais.


Fleshgod Apocalypse
2014-08-02 22:05 | 45 min
O que nos trazia ao palco secundário quando o cansaço acumulado já era tão grande? Uns senhores que já nos tinham escapado há 2 anos atrás no Metalfest Loreley, em que acabámos por não os ir espreitar ao palco secundário, e que em 2013 foram responsáveis por lançar Labyrinth, um dos melhores álbuns do ano - os italianos Fleshgod Apocalypse. E não fomos os únicos a encontrar forças para esta deslocação, pois rapidamente verificámos que a tenda não era suficiente para acolher a enorme enchente que foi chegando, ficando a tenda completamente lotada quando soaram os primeiros acordes da introdução Temptation, seguida logo de The Hypocrisy. O som estava muito potente mas límpido o suficiente para permitir transparecer toda a complexidade da música, e o jogo de luzes e os jactos de fumo estavam a ser controlados de forma sincronizada com a música, numa combinação que tornava ainda mais brutal toda a experiência. O quinteto italiano apresentava-se a rigor e vinha ainda acompanhado de uma presença feminina para as segundas vozes. O minotauro, personagem integrante do último álbum da banda, aparecia sobre o palco num painel, à frente do qual viamos que, ao invés dos habituais teclados ou sintetizadores, Francesco Ferrini tocava um piano vertical que, com marcas de uso, integrava perfeitamente a imagem clássica e decadente da banda. Seguiram-se precisamente Minotaur (The Wrath of Poseidon) e logo depois The Deceit, com um headbanging constante pelos músicos em palco e por grande parte do público e continuando o extraordinário trabalho de luzes e fumos. Era impressionante como sem nunca termos visto um concerto destes italianos, rapidamente percebemos como e quando iriam ser disparados os jactos de fumo, pois de alguma forma, eles eram disparados da forma que nós imaginávamos OU MELHOR! E as luzes, a ser disparadas de forma independente e em rajadas, como se estivessem a ser tocadas como um instrumento musical, ao mesmo ritmo avassalador que estava a ser apresentado em palco! Tommaso Riccardi era uma figura imponente ao centro do palco, bem acompanhado por Paolo Rossi e Cristiano Trionfera. Francesco Paoli estava pouco visível, atrás de tantos e de tanto fumo e luzes, mas era perfeitamente audível e seu fantástico trabalho na bateria, enquanto do lado direito a soprano Veronica Bordacchini se mantinha oculta sob a sombra e do lado esquerdo o já referido Francesco Ferrini, irrequieto sobre o piano, era um espectáculo dentro do espectáculo!
Os temas foram avançando e o espectáculo foi sempre mantendo e excelente nível, confesso que já não me lembro da última vez em que fiz tanto headbanging de forma incontrolada e compulsiva! O final chegou com Elegy e finalmente The Forsaking. Imperdoável tê-los perdido há 2 anos atrás em Loreley mas desta vez não cometi o mesmo erro - e ainda bem, ou teria perdido aquele que foi para mim o melhor concerto do festival!

ICS Vortex
2014-08-02 23:00 | 45 min
A tenda rapidamente esvaziou após o concerto dos Fleshgod Apocalypse apesar de se seguir no contíguo W.E.T. Stage um nome grande - ICS Vortex e o seu projecto a solo. Apesar disso, o concerto foi bastante agradável, com Vortex a ser acompanhado por um conjunto de músicos competentes, bom som no global e excelente jogo de luzes. A setlist baseou-se no álbum Storm Seeker excepto o tema com que encerrou, uma versão de Colossus, de Borknagar.

Kreator
2014-08-03 00:15 | 75 min
No palco principal, ainda se encontravam os Kreator a tocar. A setlist foi a mesma que têm tocado nos últimos concertos, e certamente que a grande maioria do público presente já tinha assistido a "este concerto" num passado recente, mas Mille Petrozza e companhia colocam sempre uma garra tal nas suas actuações que não deixam ninguém indiferente, levando o público a vibrar do princípio a fim, com muito headbanging e crowd-surfing constante.


Van Canto
2014-08-03 00:15 | 75 min
E este final de festival estava a ser pródigo em decisões difíceis! Desta vez, tinha de optar entre ver pela primeira vez os Van Canto e o seu lote de convidados, ou assistir aos Kreator. Acabámos por escolher os Van Canto, uma vez que tinhamos assistido aos Kreator ainda há um mês atrás em Loreley e voltariamos a vê-los dentro de uma semana no Vagos Open Air. E com este concerto fiz também a minha estreia no Party Stage, este ano. O concerto arrancou com Fight For Your Life e Badaboom, sendo introduzido de seguida o primeiro convidado - André Matos, para participar no tema Carry On, original dos Angra. Outras participações incluíram Chris Boltendahl, para participar em Rebellion (The Clans Are Marching), dos seus Grave Digger, Victor Smolski, Jörg Michael para um duelo de solos de bateria com o baterista de Van Canto, Bastian Emig, e finalmente também Tarja Turunen entrou em palco para participar dos temas Anteroom of Death e Wishmaster. Para o final estavam reservados Master of Puppets e Fear of the Dark.

Schandmaul
2014-08-03 01:45 | 60 min
Depois de uma rápida intervenção por parte dos co-organizadores Thomas Jensen e Holger Hübner, agradecendo a presença de todos em mais uma edição do festival, eis-nos chegados ao último concerto da noite, com os Schandmaul. O público estava já em número muito reduzido, mostrando-se cabisbaixo, com aquela melancolia de quem esteve a viver num mundo à parte durante os últimos dias e de repente se apercebeu que estava a chegar a hora de voltar ao mundo real. Mas antes disso havia ainda um concerto pela frente! Os germânicos apresentaram o seu típico folk bem alegre e acompanhado por um fabuloso trabalho de luzes, provavelmente o melhor a que assistimos nos palcos principais, e foram aliviando um pouco a tristeza que ia pairando no ar. Saíram com Walpurgisnacht, e lá nos fomos encaminhando para a nossa tenda, ouvindo à distância os temas reservados para o encore.


Conclusão: Este 25º Aniversário do Wacken Open Air portou-se à altura da sua responsabilidade, e até o tempo ajudou, dando-nos 4 dias de sol e calor. Os concertos foram na sua maioria bons ou muito bons, com alguns deles a serem verdadeiramente especiais - Saxon, King Diamond, Amon Amarth, Hell, Fleshgod Apocalypse, para nomear alguns dos momentos altos! É certo que muitos gostariam de ter visto bandas como Emperor ou Behemoth a tocar à noite, mas com tantas bandas e tão boas, conseguir um alinhamento que agrade a todos é uma verdadeira missão impossível. Faltaram mais bandas de folk metal, mas ainda assim vi-me forçado a fazer 3 ou 4 escolhas difíceis e a perder ou deixar a meio grandes nomes como Avantasia, Slayer, Megadeth ou Accept, o que demonstra a enorme variedade e qualidade do cartaz. Extra-concertos, há que referir o cuidado que a organização teve com a imagem, ao espalhar pelo recinto painéis com photos do We Are The People of Wacken e com referências às edições anteriores, dando igualmente atenção às áreas secundárias, com diversos motivos de interesse a captar a nossa atenção. A organização esteve praticamente impecável e está de parabéns pela decisão de disponibilizar as diversas zonas de água potável e as garrafas dobráveis. Como vem sendo hábito, ainda durante o evento foram anunciadas já as primeiras bandas a estar presentes na próxima edição, prevendo-se já alguns concertos bem especiais - Amorphis com um concerto especial dedicado ao álbum Tales From The Thousand Lakes, Death Angel (que tiveram de cancelar este ano), Ensiferum, In Extremo, Powerwolf, Running Wild (único concerto que irão dar em 2015), Sabaton, Savatage (que regressam para este concerto exclusivo na Europa), Trans-Siberian Orchestra e U.D.O. com a orquestra Bundeswehr Musikkorps. Os bilhetes esgotaram ainda mal tinhamos regressado a Portugal, tendo sido todos vendidos em menos de 24 horas - um novo recorde! Será certamente mais uma fantástica edição do maior festival de metal do mundo, esperamos poder estar lá presentes novamente para mais uma reportagem a partir da Mecca do Metal. WACKEN! Rain or Shine!