Pelo terceiro ano consecutivo, lá fizemos as malas e partimos com destino às margens do Reno para mais um Metalfest Loreley! Já o dissemos por diversas vezes, mas nunca nos cansamos de recordar o magnífico local onde este festival é realizado, com o seu imponente anfiteatro e vistas fabulosas. Desta vez a meteorologia apontava para 3 dias de sol e calor, e o cartaz recuperava alguns dos melhores nomes que tinham passado por este festival há 2 anos atrás, juntando-lhes algumas estreias bem interessantes, pelo que tudo apontava para 3 dias de muita música e diversão. O 1º dia arrancou no dia 19 de Junho e, se caíssemos de pára-quedas sem saber quem seria a banda cabeça de cartaz, de imediato poderíamos adivinhar! Sabaton era claramente a banda que enfeitava a grande maioria das t-shirts e seria, sem dúvida, o concerto por quem todos esperavam (eu também, mas já lá vamos)!
DIA 1
O início do Metalfest ficou a cargo dos alemães Winterstorm e este prometia desde logo ser um grande dia pelo grande moldura humana que já se encontrava presento no recinto às 12 horas, quando o quintento entrou em palco. É sempre difícil dar início a um festival, mas o público reagiu bem à banda de Epic Metal, que mistura elementos de power metal com alguns toques de folk, sendo de especial realce temas como Metalavial do 3º álbum de originais Cathyron, lançado em Fevereiro deste ano, ou The Stormsons ou Kings Will Fall, tema-título do 2º álbum. O vocalista Alex era o elemento mais activo em palco, e protagonizou o momento mais insólito da actuação quando durante uma música um elemento do público lhe deu um colete de sinalização, que este de imediato vestiu enquanto correu incansável durante a música toda. Um excelente início de festival, culminando a actuação de forma enérgica com o tema Dragonriders.
Os Zodiac eram a banda que se seguia. Uma aposta da Napalm Records, a banda liderada por Nick Van Delft na voz, toca um rock clássico com um toque de blues. Exemplo disso, o segundo tema tocado Free, que foi o último lançamento de videoclip que fizeram. Um ou outro elemento do público demonstrava particular empatia com esta sonoridade mais rockeira, mas a generalidade do público presente aproveitou para sentar, mas sem dispersar muito.
Ao rock mais clássico seguiu-se o thrash repleto de garro dos norte-americanos Fueled by Fire. A banda já tinha estado no festival em 2012, mas na altura tocou na tenda. Agora com honras de palco principal, tocaram temas como Sickness of Humanity do album de 2010 Plunging Into Darkness. Uma actuação sempre a abrir, com particular destalhe em palco para os mais irrequietos Rick Rangel e Anthony Vasquez.
Do thrash fomos para o power metal dos suecos SteelWing, outros repetentes da edição de 2012. Embora já mais crescidos, a banda liderada por Robby Rockbag traz sempre um espectáculo enérgico. Temas como The Illusion e Under the Scavanger Sun do primeiro trabalho Lord of the Wasteland e para terminar The Running Man do álbum de 2012 Zone of Alienation fizeram muitas cabeças rolar!
Da Finlândia chegam-nos os Battle Beast, a única banda com vocalista feminina a pisar o palco principal neste dia. Noora Louhimo entra em palco com um aspecto futurista, abrindo com Let It Roar e seguindo com Out of the Streets, ambas do álbum homónimo de 2013 Battle Beast. Outro dos temas que não podia faltar era o incontornável Black Ninja. Não apreciei particularmente o estilo, mas a voz e presença em palco rapidamente conquistou um público que acompanhou o concerto em sintonia até ao último tema, Out of Control. A saída foi feita ao som de um tema da banda sonora de Top Gun.
De Nova Iorque veio Billy Milano com os M.O.D. (Method Of Destruction). Apresentou-se de forma pouco cuidada para um concerto que não me empolgou. Dos temas tocados, Find a real Job e Speak English or Die foram dos poucos que acabaram por me captar a atenção.
Death (DTA) é o projecto constituído por ex-membros dos Death e que procura prestar tributo à banda e naturalmente ao seu malogrado fundador e líder Chuck Schuldiner. Com a presença em palco de Paul Masvidal, Sean Reinert e Steve DiGiorgio, que participaram em alguns dos álbuns da banda, e ainda do vocalista/guitarista Max Phelps, foram interpretados muitos dos temas marcantes do gigante do death metal, numa homenagem que é mais do que merecida.
Um dos melhores concertos do festival coube aos alemães Saltatio Mortis, que também regressaram 2 anos depois. Nunca os vi por cá (Portugal), pois as tours deles pouco saem da Alemanha, o que é uma pena pois quando tocam são donos e senhores do recinto. Alea der Bescheidene faz o que quer do público, colocando todo o anfiteatro a cantar em sintonia, como em Spielmannsschwur, a levantar as mãos e acenar em sincronismo ou mesmo cada um dos presentes abraçado ao vizinho e a saltar ao ritmo da música. Em palco, tocam um medieval metal com gaitas de foles e outros instrumentos tradicionais misturados com os habituais guitarra / baixo / bateria, mas acima de tudo tocam com boa disposição e muita, muita energia. Bastam uns segundos para os carismáticos Falk Irmenfried von Hasen-Mümmelstein e Luzi das L nos roubarem a atenção com a sua movimentação em palco, e depois a música trata de fazer o resto. Pena é não percebermos pitada de alemão, pois desta forma não conseguimos acompanhar os momentos em que Alea se dirige ao público. Também as letras são em alemão, mas com temas como Früher war alles besser ou Eulenspiegel não resta outra opção que não seja inventar sons e palavras que se assemelhem ao que estamos a ouvir e cantar de forma empolgada! À imagem do que tinhamos visto há 2 anos, a dada altura Alea dirigiu-se até às grades e foi levado pelo público, percorrendo quase todo o recinto em "crowdsurf" enquanto cantava uma música. A rever sempre que possível!
Não vi muito deste concerto, mas os temas de Pantera prometidos acabaram por não surtir tanto efeito quanto o esperado, pois não terão sido dos mais conhecidos e foram ainda intercalados com temas de outros projectos em que Phil Anselmo também esteve envolvido, como Superjoint Ritual.
E o concerto por que todo o anfiteatro esperava chegou de tanque. Ao som do The Final Countdown dos Europe com que habitualmente dão início aos seus concertos, foi destapado um enorme tanque sobre o qual se encontrava a bateria de Hannes Van Dahl. Joakim Brodén entra ao som de Ghost Division e começa um jogo de pirotecnia, luzes e fumos que quase nos transporta para as trincheiras - podia jurar que cheguei a ver um tropa a mexer-lhe lá para trás do palco! O público, que enchia todo o recinto de uma forma que nunca tinhamos visto nestes 3 anos de Metalfest em Loreley, vibra e participa efusivamente. Com o novo álbum Heroes em carteira, era certo que iriamos ter a oportunidade de escutar alguns dos temas novos, que não foram muitos - Hell and back, Resist and Bite e Soldier of 3 Armies, onde Joakim Brodén nos mostrou que também sabe tocar guitarra! Aliás, Joakim Brodén continua a mostrar que é um dos melhores frontmen da actualidade e sabe guiar o público como ninguém. Sempre bem disposto puxou pela conversa constantemente e acabou por tocar uma versão do Gott Mit Uns com o refrão Noch ein Bier, uma versão alterada especificamente para o público germânico. Temas mais antigos também se fizeram ouvir, claro, como Attero Dominatus ou Primo Victoria, com Brodén a pedir ajudar a todos os presentes para acompanhar a letra, que foi cantada por todos com entusiasmo inexcedível! Os restantes elementos em palco, bem se esforçavam em constantes trocas de posição e inúmeros sorrisos, mas não há forma de roubar o show a Joakin que em mais uma pausa entre temas trocou de colete com um espectador, explicando que era assim que lavava a roupa! Mais perto do fim, agradecendo a todos os presentes, vê no meio do público uma família com um elemento mais jovem e tenta estabelecer conversa. Rapidamente chegam à conclusão de que o rapaz, de 10 anos, fala melhor o inglês do que ele o alemão ("I got my ass kicked by a 10 year old!") e acaba por convidar o jovem, que se estreava em festivais, a acompanhá-lo até ao palco e assistir de lá à última música - mas a partir de uma zona segura, porque "we've got to follow the pyro guy's orders"! Concluindo com um elogioso "Whole families coming to metal festivals! In Germany only!", acabando o melhor concerto do dia com Metal Crue. Fantástico concerto, fantástico ambiente, e um fantástico TANQUE!
DIA 2
O segundo dia do evento arrancou com os Gloryful. Embora a banda de heavy metal alemã estivesse a jogar em casa e com muita energia, o recinto estava muito vazio, comparativamente com o dia anterior, provavelmente por ainda estarem a recuperar do concerto de Sabaton do dia anterior. Hiring the Dead do álbum Oceanblade foi um dos temas ouvidos bem como The Warriors Code, do álbum com o mesmo nome.
Os Wizard foram os senhores que se seguiram. A banda alemã de power metal incitou aos primeiros headbangings do dia com tema rápidos e orelhudos como Betrayer, Bluotvarwes ou The Visitor. Embora seja um dos géneros mais apreciados nestes festivais e estivesse em palco uma banda já com 25 anos de carreira e uma boa presença em palco, particularmente do vocalista Sven D'Anna, o público continuava escasso, mesmo quando mais para o final se fez ouvir a esperada Thor's Hammer.
Ao mesmo tempo no palco secundário subiam os alemães Frigoris. A vantagem de termos 2 palcos é que passamos a ter possibilidade de escolha e estes Frigoris revelaram-se uma boa surpresa. A banda de Melodic Black Metal é muito jovem e o ambiente criado foi de comunhão entre a banda e o público (que a meu ver um bocadinho escasso). Para quem gosta do género, vale a pena dar uma oportunidade a estes "jovens" formados em 2007.
Coube aos americanos Scorpion Child a tarefa de representar a sonoridade mais rockeira deste segundo dia. Oriundos de Austin, Texas a banda leva-nos a viajar no tempo e a recuar para trás uns anos. Aryn Jonathan Black parece retirado dos anos 70, cantando e movendo-se em palco como Robert Plant. O público chegou-se à frente, mas infelizmente a chuva resolveu ignorar as previsões meteorilógicas e obrigou parte do público a refugiar-se. Ainda assim, a maior parte permaneceu e juntou-se à festa para ouvir temas rockeiros que atingiram o seu ponto máximo com o fantástico tema Polygon of Eyes. Para amantes de Led Zeppelin, ouvir e ver estes Scorpion Child é essencial!
Da Suécia chegaram-nos de seguida os Bloodbound. Por incrível que pareça, nem a quarta banda do segundo dia tinha tanto público como os Winterstorm, primeira banda do Dia 1. A banda de power metal sinfónico abriu o seu concerto com aquela que para mim é a música deles mais conhecida Moria do álbum Unholy Cross de 2011. Seguiram-se música como In the Name of Metal, Metal Monster, MetalHeads Unite, Book of the Dead entre outras num concerto muito enérgico e já novamente com o sol a brilhar. Em palco, quem brilhava com maior intensidade era o afável vocalista Patrik Johansson, muito irrequieto e sempre bem disposto. Ao longo da actuação finalmente começaram a ir aparecendo mais pessoas nas bancadas, e no final da actuação já o recinto se encontrava bem mais composto, sendo já visivéis alguns dos fãs das bandas cabeça de cartaz - ou seja, os primeiros casais de "Wolves" chegava ao recinto.
Os Gorguts voltaram aos discos no ano passado com um álbum que foi considerado de forma consensual um dos melhores trabalhos do ano. Há poucos meses atrás foram um dos grandes nomes no festival SWR Barroselas Metalfest, onde demonstraram todo o seu virtuosismo e obtiveram uma excelente receptividade por parte do público. No entanto, enquanto no SWR o prato forte passa pelo death, black, grind e outros subgéneros mais brutais enquanto no Metalfest encontramos um maior enfoque no power, folk ou thrash, pelo que estávamos perante públicos com expectativas bem distintas. Juntando a isso o facto de estarem a tocar o seu negro som num dos momentos mais claros e luminosos do dia, e definitivamente não estavam criadas condições para que o seu death metal extremamente técnico e meticuloso conseguisse encaixar. Alguns fãs estavam visivelmente agradados, claro, mas a grande maioria do público limitava-se a observar sem esboçar grande reacção. Indiferentes a isso, os virtuosos músicos em palco não deixaram de dar mais uma actuação sem mácula.
Desloquei-me ao palco 2 para ver Munarheim. Um concerto bem diferente daquilo que estava à espera, sem dúvida, mas surpreendeu pela positiva.
A banda é composta por 8 membros e o mentor da banda é Sebastian Braun, que faz todas as composições. O vocalista Pascal entrou em palco com uma máscara demoníaca, que se enquadrava com a sonoridade Black Symphonic Folk Metal, por sinal bem agradável, que apresentaram. Daquelas bandas que fificilmente veremos no nosso cantinho de mundo [Portugal], mas que vale a pena ouvir. Espreitem o vídeo Terra Enigma um dos temas ouvidos no pequeno concerto a que assisti!
No palco principal subiam os veteranos Grave Digger. Habituados às grandes andanças, os alemães deram um concerto para a primeira enchente do dia do palco 1. Chris "Reaper" Boltendahl sabe o que cantar e onde cantar para pôr o público ao rubro, enquanto Axel Ritt demonstrava o seu à vontade na guitarra, e a receptividade do público fez-se sentir, ou não fossem estes senhores uns ícones do heavy metal germânico. Apesar do novo álbum Return of the Ripper estar praticamente à porta, não houve lugar a surpresas e a setlist foi baseada nos temas clássicos, não tendo faltado Hammer of the Scots, Rebellion e claro Heavy Metal Breakdown.
Os suiços Eluveitie subiram ao palco com algum atraso devido a alguns problemas de som que não terão sido totalmente resolvidos, pela forma como o som esteve instável ao longo de todo o concerto. Quando em 2012 subiram a este mesmo palco, achamos que a setlist poderia ter sido muito mais enérgica e que a actuação também se foi gradualmente ressentindo disso mesmo, tendo-nos deixado ligeiramente desiludidos. Este ano até abriram igualmente com o tema Helvetios mas a postura era outra e a setlist também, seguido-se Nil. O concerto foi decorrendo sempre com alguns problemas, com alguns instrumentos por vezes a sobreporem-se de forma bem notória aos restantes, mas as músicas e prestação em palco foram-nos distraindo dessas falhas. Anna Murphy encantou-nos com Rose to Epona, Neverland e do novo álbum Origins tocaram o novo single King. A nova violinista Nicole Ansperger revelou-se também mais participativa que a anterior, dando ainda mais animação ao palco já de si repleto de acção. Terminaram com Havoc e deixaram vontade de os rever nos mesmos moldes mas com melhor som!
Os americanos Monster Magnet eram a banda que se seguia, com o seu rock / stoner. Dave Wyndorf é o leadman da banda e procurou ir comunicando um pouco com o público, mas 15 anos de pois de os ter visto, em 99, continuaram a não me convencer. O espectáculo pareceu demasiado fraco, soando tudo muito idêntico, sempre mais do mesmo. Talvez num ambiente mais fechado e em sala o efeito produzido viesse a ser outro, mas neste anfiteatro ao ar livre acabou por soar repetitivo e cansativo, e resolvi ir poupar-me para os senhores que se iriam seguir.
A festejar o seu 10º aniversário, os alemães Powerwolf subiram ao palco para celebrar a sua missa negra, num teatro bem encenado com frases e movimentos bem coordenados. Se dissesse que foi o melhor concerto da noite, não estaria a mentir. Com cenários de fogo e fumo e muita boa disposição trouxeram-nos temas bem conhecidos para os fãs logo desde o início, com Sanctified with Dynamite. Attila Dorn é um tremendo vocalista, muito bem coadjuvado com a teatralidade e energia do seu companheiro nas teclas e incitador de multidões Falk Maria Schlegel. De ambos os lado, os irmãos Greywolf alternavam constantemente de posições ao ponto de já nem percebermos qual era qual, num ritmo estonteante à medida que autênticos hinos negros como Amen & Attack, Werewolves of Armenia ou mesmo Dead Boys Don't Cry soavam entre as labaredas. Desta vez não tivemos a participação das gatinhas durante a interpretação de Resurrection By Erection, como em 2012, mas não foi por isso que deixou de haver animação constante dentro do palco, nem fora dele, pois o público achou por bem estender ao longo de todo o recinto diversas tiras de papel-higiénico como se de gigantes serpentinas se tratassem. A celebração chegou ao seu término com Lupus Dei, para pena dos presentes, mas os sorrisos nas caras não deixavam margem para engano. Numa única palavra, não seria a única pessoa a descrever o concerto como: Incrível!
Para encerrar o segundo dia foi escolhida a banda que tinha sido responsável pelo último concerto do palco principal em 2012, os germânicos In Extremo.
Como não seria de esperar destes veteranos, mais uma vez não defraudaram e presentearam-nos com um concerto como o de há 2 anos, com muita energia, muito fogo de artíficio, muitas chamas e muita música! Assim como tinhamos referido em relação aos Saltatio Mortis, aqui também temos a dificuldade adicional resultante de cantarem e falarem em alemão, mas estas bandas têm esta particularidade de conseguir criar temas numa linguagem universal e temas como Viva La Vida (aqui com Das letzte Einhorn a colocar o público a cantar uma versão alternativa Viva La Vodka) ou Ai Vis Lo Lop que rapidamente acompanhamos sem sequer perceber a língua. Os músicos em palco são mais que muitos e alguns dos instrumentos musicais usados são bem invulgares para um palco de metal, mas todos eles se conseguem coordenar em palco de forma bem sincronizada e todos os instrumentos se fundem de forma harmoniosa, tornando a experiência sempre bem interessante e invulgar - pelo menos para quem, como nós, só tem o privilégio de poder vir assistir a estes concertos a 3500Km de casa uma vez a cada ano. [Da última vez que estivemos quase a conseguir ver os In Extremo em Portugal o concerto acabou por ser cancelado] A setlist continuou a desenrolar-se, passando por temas como Spielmannsfluch, Himmel und Hölle ou Herr Mannelig, terminando todo o anfiteatro em festa este 2º dia.
DIA 3
O dia 3 começou com os alemães Bleeding Red. A tocar um Blackened Death Metal, o quarteto apresentou-se para um concerto quase sem público nas bancadas.
Contrariamente ao habitual, nem quando se ouviram os primeiros acordes o público se juntou. Com apenas um álbum Evolutions Crown de 2012, a banda focou o seu concerto em temas desse trabalho: Wasted Screams, Nameless e o final Calling for your downfall. O concerto não me convenceu.
A segunda banda a subir ao palco foram os Blues Pills, com o Blues/rock a voltar a encher as bancadas do magnífico anfiteatro de Loreley.
Como uma aposta da Nuclear Blast, havia muito alarido por causa destes suecos. Novamente levados para um estilo "Woodstockiano", a bonita jovem Elin Larsson iniciou o concerto. A última vocalista feminina a passar nesta edição do festival pelo palco principal tem uma voz exceptional, afinada e chegando a notas que muitos almejariam um dia. O tema por que todos esperavam era Devil Man e assim que soou o público mostrou o que valia e por todo o recinto se chamou pelo "Devil Man". Num concerto em que até tiveram direito a encore, a mim acabou por não me encher, nem convencer, sendo que olhando em volta se percebia que as opiniões também não eram unânimes - a dada altura, alguém na bancada comentou para o lado "Fantastic!" soando logo um outro a retorquir "Fantastic Scheiße!" Continuo a achar que para um festival de Heavy metal, este tipo de som não "encaixa". Após o final do concerto, a simpática Elin desceu do palco e dirigiu-se para as bancadas onde conversou com os elementos do público que se dirigiram a ela, tirando também algumas fotografias.
Os Brainstorm chegaram ao palco e tocaram o seu power metal. A banda alemã já conta com vários álbuns e em 2014 lança Firesoul, do qual tocaram temas como Firesoul e ... And I Wonder. O público já estava a encher as bancadas!
Neste dia também demos uma espreitadela ao palco 2 e tivemos algumas surpresas, desde logo os Sabiendas, uma banda de Old School Death Metal, com a presença em palco de uma baixista! Para os amantes deste género vale a pena dar-lhes uma oportunidade.
O público foi-se aproximando e era cada vez mais quando El Condor Pasa de Simon & Garfunkel começou a soar, marcando a entrada em palco dos alemães Tankard. Gerre embora se apresente com umas "grandes formas", apresenta-se em boa forma, correndo e caminhando de forma incessante sobre o palco. Um concerto enérgico, com boa disposição e muita animação pela parte do público. A banda também faz questão de manter essa relação muito próxima com o público, com Gerre e Frank, os 2 membros originais, a descerem do palco por diversas vezes e travar contacto com o público durante os temas. E, falando de tema, foi uma setlist sem momentos mortos e repleta de clássicos como Zombie Attack, logo a abrir, The Morning After, Stay Thirsty! ou a divertidíssima Rectifier, e que contou ainda com algumas participações especiais, como a presença em palco de uma "abonada" rapariga em A Girl Called Cerveza, ou mesmo de um monge (com Gerre a tentar espreitar sob o seu hábito) em R.I.B. (Rest in Beer), música nova do álbum recém-lançado com o mesmo nome. Para terminar, a habitual (Empty) Tankard. Não se pode dizer que houve "mosh", pois é dificil tal acontecer em Loreley, mas houve muito headbanging.
Um dos concertos que esperava com maior ansiedade neste terceiro dia, era o dos senhores que se seguiam, Grand Magus. O seu mais recente trabalho Triumph and Power tem passado muito tempo no meu leitor desde que foi lançado no início do ano, pelo que ansiava por finalmente ver e ouvir ao vivo os novos temas do trio sueco. E foi um excelente concerto, que passou por temas como I, the Jury e Ravens Guide Our Way do álbum Hammer Of The North ou os épicos On Hooves Of Gold e Triumph And Power do último trabalho. O público, à imagem do que acontecera há 2 anos atrás, dispersou bastante durante este concerto, algo que mais uma vez custa a perceber tendo em conta a qualidade da banda e dos temas. Contrastando com esse êxodo, foi curioso verificar o gosto estampado nas faces daqueles que, como nós, permaneceram a assistir e a vibrar com o concerto, acompanhando os temas de braço em riste! Perto do final, colocaram o anfiteatro a cantar em uníssono com eles, terminando com o tema Iron Will.
Seguiram-se momentos de peso com os Kataklysm. O anfiteatro voltou a encher para o death metal destes Canadianos mas apesar dos diversos pontos onde era visível headbanging, grande parte dos presentes parecia estar apenas a observar, sem grande intensidade. Sobre o palco, Maurizio Iacono liderava as hostilidades de um concerto em que a agressividade foi constante. Like Animals, do mais recente trabalho Waiting For The End To Come (2013), foi um dos temas que foram tocados.
Das terras nórdicas chegam-nos os Finlandeses Ensiferum, mais uns que tinham passado por cá há 2 anos atrás. A tocar o seu folk metal, conseguiram por ao rubro os festivaleiros que se encontram presentes. Com o tema de abertura In my sword I trust, do último á da banda Unsung Heroes de 2012, a banda captou de imediato a atenção do resto dos metaleiros que se encontravam mais distraídos e que se aproximaram do palco, para um concerto ao nível do que nos têm acostumado: bem conseguido, bem organizado, e com o baixista Sami Hinkka a sobressair-se dos restantes colegas de palco e sempre a dar espectáculo. Ouviram-se temas como Lai Lai Hei, Burning Leaves ou Iron, do álbum com o mesmo nome de 2004. Como já é habitual nos seus concertos e álbuns, não poderia faltar a cover - Wrathchild, dos Iron Maiden. De referir ainda um interessante jogo de luz e fumo!
Para terminar a nossa visita ao palco 2 tivemos uma agradável surpresa com os Darkest Horizon, uma banda de Melodic/Death/Epic Metal já com vários cds lançados e com uma sonoridade muito apelativa. Com temas bem conseguidos e uma boa interação com o público presente, talvez para a próxima lhes possam dar uma oportunidade no palco principal.
O glam rock ainda não se tinha feito ouvir em Loreley e foi pelos muito aguardados americanos Steel Panther que chegou, para gáudio dos muitos presentes que se haviam vestido a rigor com muita licra, cor-de-rosa e tigresas! Com o seu espectáculo encenado e cheio de glamour abriram com o tema Pussywhipped seguida de Party Like Tomorrow Is The End Of The World do novo álbum All you can eat e embrenharam-se numa conversa liderada por Michael Starr, com um público que foi entrando na brincadeira. Vangloriaram-se de ter o baixista (Lexxi Foxx) mais sexy do mundo do metal e apresentaram o baterista como um dos melhores bateristas... da banda. Para o tema 17 Girls in a Row convidaram ao palco várias raparigas do público. Os temas mais antigos que se ouviram remontam a 2009 do álbum Feel The Steel e foram, entre outros, Asian Hooker e Death to all but metal. Embora não fosse a banda que eu mais estava à espera, desde cedo que foi notória a adesão do público a esta banda com o número de tigrados que foram aparecendo no recinto.
Os Black Label Society subiram ao palco ao mesmo tempo que a selecção alemã de futebol subia ao relvado no Brasil para defrontar o Gana, jogo esse que foi projectado no palco secundário para uma enorme multidão. O concerto teve vários problemas de som, notórios até à terceira música. O tema de abertura foi My Dying Time do novo álbum The Catacombs Of The Black Vatican do qual também de ouviu Heart of Darkness. O concerto deixa-me sempre um bocado "catatónica" com os solos gigantescos de Zakk Wylde, que muda de guitarra em quase todas as músicas. Para além do vasto leque de guitarras de Zakk, foi também possível ver em palco os mais recentes elementos da banda Dario Lorina, na guitarra rítmo, e Jeff Fabb na bateria. Stillborn de 2003 do álbum The Blessed Hellride foi última música que tocaram.
O término do festival este ano ficou a cargo de mais uma banda da casa, Kreator! Mars Mantra deu o mote para o início do melhor concerto da noite. À intro seguiram-se naturalmente Phantom Antichrist e From Flood Into Fire do último e excelente álbum de originais Phantom Antichrist, tudo acompanhado de muito fogo e fogo de artifício. Seguido por um tema onde tivemos direito a uma arma com que Mille Petrozza disparou fumo sobre o oúblico, Endless Pain que nos leva até 1985. Sobre o palco encontrava-se um enorme aparato que a banda tem utilizado nesta tour mais recente, com paineis laterais, alguns items monstruosos dispersos e uma plataforma mais elevada sobre a qual se encontrava a bateria de Ventor.
Do lado de cá, o público vibrava com os temas tocados e Mille dava ao público aquilo que eles queriam ouvir. Além dos temas mais recentes foram tocadas também malhas como Phobia e o famoso Enemy of God, sendo todos os temas muito bem recebidos, pois estes gigantes do thrash se têm alguma dificuldade é em escolher quais dos muitos clássicos é que têm de deixar fora da setlist para cumprir os horários estipulados. O final chegou, como não podia deixar de ser, com os eternos Flag Of Hate e Tormentor, juntando-se aos últimos disparos de fogo o lançamento para o ar de milhares de pequenos papéis que voaram sobre as cabeças que enchiam o anfiteatro. Sem dúvida o concerto da noite!