Já lá iam 3 anos de distância desde que víramos os Dagoba pela primeira e única vez, em pleno Hellfest 2011. Retivemos na memória uma actuação agradável e com potencial para empolgar as massas, pelo que era com alguma curiosidade que esperávamos pela sua actuação e pela reacção do público a um cartaz que apresentava bandas tão díspares umas das outras. Os franceses entraram com garra e foram conseguindo capturar a atenção do público com o seu som musculado e cheio de groove a causar alguma agitação no meio da assistência. Uma iluminação muito bem conseguida acrescentava efeitos de luz sobre o fumo lançado e acrescentava intensidade e uma aura misteriosa sobre o palco. O vocalista Shawter e o baterista Franky Costanza ajudavam a empolgar com as suas interacções e gestos, e temas como I, Reptile, The Man You're Not ou The White Guy (And The White Ceremony) trataram de fazer o resto e proporcionar alguns circle pits ao longo da actuação.
Seguiram-se os senhores dos solos ultra-rápidos, os britânicos Dragonforce. A actuação da banda de Herman Li , Sam Totman e companhia incluiu temas de praticamente toda a discografia da banda (faltou um representante para Ultra Beatdown), mas ainda assim dando maior tempo de antena aos temas do mais recente trabalho Maximum Overload. Como habitualmente, a dupla de guitarristas dominou as atenções com as suas interpretações ultra-sónicas, sempre bem chegados à frente do palco, quase à distância de um braço esticado do público. Os saltos e malabarismos já não são uma constante, como até há alguns anos atrás, o que acaba por ter efeito positivo ao fazer a banda perder um pouco daquela imagem irreal, quase de desenho-animado, e aproximando-os de algo mais térreo. A iluminação de palco mudou drasticamente em relação à da banda anterior, sendo o palco iluminado de forma a permitir a todo o público uma visualização perfeita de tudo o que se passava. Faltaram alguns clássicos dos álbuns mais antigos, mas cremos que os fãs terão saído satisfeitos.
Finalmente, 6 meses depois de terem tocado no Vagos Open Air, os holandeses Epica voltaram ao Hard Club para mais uma casa cheia. Apresentando-se com os pormenores a que já nos habituaram, como suportes de micro a condizer, palco com níveis diferentes, suporte rotativo de teclado e iluminação de palco própria da banda, conseguiram mais uma vez demonstrar um profissionalismo invejável. Todos os músicos sabem perfeitamente o que fazer em palco e parecem divertir-se bastante em fazê-lo, sendo interessante verificar que todos acabam por ter níveis de protagonismo muito menos desnivelado do que a presença da bela Simone Simons e do carismático Mark Jansen faria prever. A setlist foi muito semelhante à apresentada em Agosto passado, com algum reordenamento e a inclusão de 2 temas adicionais - Fools of Damnation e The Last Crusade, tendo esta última sido escolhida pelo público quando Mark Jansen deu a escolher entre esta e Reverence, do último álbum The Quantum Enigma, que de resto foi bem representado por 5 temas. A prestação em palco superou a que vimos em Vagos, confirmando que a banda ganha muito ao passar de um ambiente de festival ao ar livre para uma sala onde consegue manter uma relação mais próxima com o público e com menos limitações de meios e tempos a cumprir. Um dos momentos altos foi protagonizado por Coen Janssen quando abandonou o seu posto e se dirigiu para a frente do palco com um teclado portatil curvilíneo, com Isaac Delahaye a aproveitar e a recrear-se por breves instantes com o teclado principal. Simone, que esteve muito bem ao longo de toda a actuação, recordou que Portugal tem sido paragem habitual e obrigatória para a banda desde que cá passou pela primeira vez há 10 anos, no antigo Hard Club, antes de arrancarem para um tema também tocado nesse concerto - Cry For The Moon, que repetiu aquela "improvisação" a que assistíramos em Vagos com Simone a apresentar os membros da banda como parte da letra. Após um solo de bateria de Ariën van Weesenbeek, que também foi ao microfone falar um pouco de português e cantar "Portugal Allez", foi ainda tocada The Phantom Agony, que também manteve aquele desnecessário momento com disco-lights, unico ponto menos positivo de uma actuação quase perfeita que teria ainda direito a um encore com Chemical Insomnia, Unchain Utopia e, para terminar, Consign to Oblivion. A banda aproveitou estes últimos temas para ir reforçando a relação de proximidade com o público e fazer algumas brincadeiras, com Rob van der Loo a pegar numa câmara de filmar de alguém do publico e filmar a partir do palco por instantes, ou Mark a roubar palhetas do suporte de micro de Isaac, às escondidas, para dar ao público. No final, Mark fez ainda questão de descer do palco para cumprimentar, sem pressa, todos os que estavam presentes bem lá à frente, nas grades. À saída da sala 1 foi ainda possível encontrar diversos membros das bandas a trocar impressões com o público e a tirar fotografias, num ambiente de grande à-vontade. Uma noite Epica!