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Reportagens de Concertos
Vagos Open Air 2015
2015-08-07 - 2015-08-09 | Quinta do Ega

Era chegada a altura da procissão anual a Vagos, e este ano tinhamos muitos e bons motivos para estarmos ansiosos pelo arranque da 7ª edição do festival. Um lote de boas escolhas no que toca a bandas nacionais juntou-se a uma mão cheia de grandes nomes internacionais e um igual número de excelentes surpresas, algumas delas em estreia absoluta em território nacional. Juntando-se a isto a previsão de bom tempo para os 3 dias e tinhamos reunidos todos os ingredientes para o que perspectivava como 3 excelentes dias de muita animação e música!

Esta edição trazia-nos algumas surpresas, com algumas alterações de horários face às janelas horárias de concertos que vinham sendo hábito em edições anteriores. Adicionalmente, os concertos deste primeiro dia tinham sido antecipados em 1 hora devido aos compromissos da tour do cabeças de cartaz desta noite, os Within Temptation. Assim, rapidamente nos colocámos a caminho da Quinta do Ega...

DIA 1
Scar For Life
2015-08-07 16:00
Coube aos lisboetas Scar For Life a sempre difícil tarefa de abrir as festividades, numa altura em que o público já se encontrava presente em algum número, principalmente tendo em conta a já referida antecipação de 1 hora. Apesar da banda já ter 4 registos discográficos em carteira, era ainda assim desconhecida de grande parte do público, sendo maior a surpresa ao ouvirem o vocalista a dirigir-se ao público em inglês. Rapidamente foram dadas as explicações - apesar da banda ser efectivamente portuguesa, o seu vocalista, Rob Mancini, é oriúndo da Irlanda. Era visível o deslumbramento da banda por se encontrar a pisar este palco do festival, com diversos olhares e sinais cúmplices de felicidade entre eles, enquanto iam apresentando o seu rock alternativo. A imagem passada sobre o palco foi de alguma descoordenação de estilos misturada com alguns clichés forçados. Também o som se apresentou (bastante) embrulhado desde o início do concerto, mantendo-se assim até ao final, o que afectou sobremaneira toda a actuação.

Moonshade
2015-08-07 16:45
Seguiram-se os portuenses Moonshade. Esta é uma banda que temos vindo a seguir com alguma atenção, pelo que aguardávamos com alguma curiosidade para ver como é que a banda iria responder à responsabilidade acrescida de pisar um palco desta dimensão. Abriram com um tema novo, Lenore, baseando-se de seguida no seu segundo EP Dream | Oblivion, de 2014, e rapidamente conquistaram o público com uma actuação simples, despretensiosa e tremendamente competente. O vocalista Ricardo Pereira continua a melhorar a cada novo concerto e aqui esteve em grande plano, mostrando solidez e à-vontade, e criando empatia com o público, que aderiu ao death metal melódico apresentado pela banda. Sendo que todos os temas tocados foram bem recebidos, o ponto alto do concerto foi atingido no final da actuação com o excelente single Goddess Eternal.

Vildhjarta
2015-08-07 17:45
A primeira banda estrangeira desta edição do Vagos veio da Suécia. Praticamente desconhecidos de todos os presentes, e com 2 EPs e um álbum em carteira, os Vildhjarta pareciam um corpo estranho no cartaz. Com uma sonoridade progressiva/djent, começaram por hipnotizar o público presente com os seus riffs baseados em estruturas ritmicas complexas e inesperadas, até ao momento da entrada em palco do singular co-vocalista Daniel Ädel, que roubou as atenções com o estranho sorriso sempre constante na sua face - mesmo apesar dos problemas técnicos que impediram a sua voz de ser escutada durante uma boa parte do tempo. O público superou a supresa inicial e foi tentando acompanhar com a cabeça os estranhos ritmos, enquanto os crowd-surfers começavam a aquecer os motores.

Heaven Shall Burn
2015-08-07 19:15
Seguiu-se o concerto mais movimentado do dia, quiçá de todo o festival. Os Heaven Shall Burn já não nos visitavam há 15 anos, mas quem tem estado atento às lides festivaleiras que vão acontecendo lá por fora sabe o que esperar deste colectivo germânico - muita energia e enormes circle-pits, ou não tivessem sido eles os responsáveis pelo maior circle-pit de que há memória, na edição de 2009 do Wacken Open Air. O metalcore apresentado pela banda é de altíssima qualidade, interpretado de forma altamente profissional e eficaz, algo que o público nacional já merecia presenciar há bastante tempo. Apresentando-se de camisa cinzenta, ao invés da sua habitual camisa vermelha, o carismático vocalista Marcus Bischoff informou que estavam a demorar um pouco mais a começar o concerto devido ao equipamento da banda ter sido levado para qualquer outra paragem pela companhia aérea, mas mal o concerto arrancou com Counterweight logo se percebeu que não estavam aqui para apresentar desculpas, mas sim uma das melhores actuações deste festival. Com um circle-pit constante ao longo de toda a actuação e um fluxo ininterrupto de crowd-surfers a dar muito que fazer aos seguranças, que não tiveram mãos a medir, temas como Hunters Will Be Hunted ou Forlorn Skies fizeram as delicias de um público que estava ávido de acção. Em Voice of the Voiceless, como esperado, Bischoff pediu ao público que fizesse uma wall of death. A resposta foi pronta e a participação numerosa - mas sem dar a volta à zona da mesa de som, algo que os temos visto fazer lá fora. Outro dos momentos de destaque foi a habitual versão de Black Tears, dos Edge of Sanity, mas o melhor momento estava ainda para vir quando Marcus Bischoff convida para o palco um jovem de apenas 6 anos. Depois de algumas tentativas de comunicação em inglês, que o jovem naturalmente não percebeu, optaram pela linguagem universal que é a música, com a banda a tocar agachada junto ao jovem, que ia fazendo headbanging perante o público. Faltou a versão de Valhalla, dos Blind Guardian, para acabar, mas Like Gods Among Mortals foi igualmente um excelente término para o brutal concerto. Que não demorem outros 15 anos a voltar cá, será certamente o desejo de todos os presentes!

Amorphis
2015-08-07 21:10
Este era um dos concertos mais aguardados por grande parte do público presente neste primeiro dia de festival. Os Amorphis sempre foram muito bem recebidos por cá, e desta vez vinham para tocar na integra Tales From The Thousand Lakes, num ano em que o mais marcante álbum destes finlandeses festeja o seu 20º aniversário, pelo que não havia por onde enganar. No palco, o pano de fundo apresentava a capa do single Black Winter Day e ao som da intro Thousand Lakes era claro que a noite estava ganha. Tomi Joutsen entrou em palco sem as suas longas rastas, mas manteve o seu peculiar microfone e a sua carismática presença, seguindo-se naturamente Into Hiding. Os clássicos seguiram-se ordenadamente com The Castaway , First Doom e, claro Black Winter Day, todas elas acompanhadas pelo público, completamente hipnotizado por reviver ao vivo todos os temas deste extraordinário álbum. Faixa após faixa, o álbum foi chegando ao fim, mas, à imagem do que tinhamos visto há uma semana atrás em Wacken, ao final do álbum seguiram-se ainda temas ainda mais old-school, que incluíram a pesadissima Vulgar Necrolatry, temas esses que foram contrabalançados pelo trio Better Unborn, Against Widows e My Kantele, de Elegy, chegando o set ao fim com Folk of the North. Apesar de não ter chegado ao nível atingido em Wacken, salvaguardando-se as devidas diferenças, tivemos aqui um excelente concerto, com momento épicos repletos de emoção e nostalgia, que permitiram ao muito público presente uma fantástica viagem atrás no tempo...

Within Temptation
2015-08-07 23:00
Para encerrar o primeiro dia do Vagos, estavam ainda reservador os Within Temptation. Apesar da sonoridade apresentada pelo colectivo holandês se ter vindo a afastar gradualmente do metal com o passar dos anos, o número de público que permaneceu para assistir demonstrou que a banda tem ainda um número muito elevado de adeptos por cá. Sharon den Adel apresentou-se bastante enérgica e espalhou simpatia em todas as direcões, arrancando o concerto com Paradise (What About Us?). Numa actuação muito competente mas que por diversas vezes deixa transparecer alguma teatralidade forçada, os temas foram-se seguindo, com um ou outro momento mais confrangedor como quando ouvimos samples que incorporavam elementos pop ou mesmo rap - esperavamos que a banda tivesse substituido esses temas por outros mais antigos e pesados, uma vez que de um festival de metal se tratava. Felizmente, para o final foi deixado aquilo que todos esperavam, pelas reacções dos presentes quando Mother Earth se fez ouvir. Após o encore, nova viagem ao passado com o tema que encerraria de forma estranhamente adequada esta noite fria - Ice Queen.

DIA 2
WAKO
2015-08-08 17:00
O segundo dia iria arrancar sem antecipações mas com o mesmo vento que insistiu em arrefecer o dia anterior. Para aquecer o ambiente, à hora marcada lá entraram em palco os lisboetas W.A.K.O.. Era visível desde logo um forte apoio por parte do público, onde se incluía um cartaz alusivo ao W.A.K.O Army. O concerto abriu com Abyss e rapidamente o público respondeu com muito mosh e crowd-surfing. O vocalista Nuno Rodrigues liderava com garra o enérgico concerto enquanto por trás do kit de bateria, Marcelo Aires acrescentava peso e mestria à muralha sonora. A dada altura, Nuno Rodrigues acedeu ao desafio lançado pelo público e desceu para cumprimentar e festejar junto às grades, deslocação que havia de repetir minutos mais tarde para fazer também ele crowd-surf. O concerto, brutal do início ao fim, encerrou com The Shadows Collapse Within, sendo claro pela reacção do público que estava encontrado o melhor concerto nacional desta edição do festival.

Mutant Squad
2015-08-08 17:50
Seguiram-se os Mutant Squad, trio espanhol que nos apresentou o seu thrash metal. Com apenas um EP e um álbum de originais, e pouco conhecidos pelo público presente, rapidamente trataram de ultrapassar tudo isso e retomar de onde os W.A.K.O. nos tinham deixado. O pó voltou a levantar-se do meio do público e os corpos voltaram a agitar-se e a passar sobre as cabeças junto às grades, animados por uma descarga de thrash constituída por apenas 5 temas, com destaque para o final Mutants Will Rise . Interessados em rever estes espanhóis terão oportunidade de o fazer dentro de alguns meses, pois o vocalista/guitarrista Pla Vinseiro confirmou o regresso da banda ao nosso país para integrar o cartaz do Mosher Fest.

Destruction
2015-08-08 18:45
E o thrash metal continuou, agora numa vertente bem mais clássica, com o saudado regresso dos germânicos Destruction a Portugal. O palco estava montado a rigor e o público redobrou esforços - e número - desde os primeiros acordes do tema de abertura Curse the Gods. A presença imponente de Marcel Schirmer era complementada no outro lado do palco pela energia de Mike Sifringer, e temas como Nailed To The Cross ou Mad Butcher foram alguns dos pontos altos da tarde e trouxeram novos índices de brutalidade ao recinto do festival. Perto do final da actuação, um problema técnico cortou o som de público por alguns segundos, ficando apenas a ouvir-se o que saía pelos monitores de palco, mas nada que afectasse a actuação e rapidamente tudo regressou à normalidade. Para o final, ficou reservado o regresso do Mad Butcher com o muito celebrado tema de encerramento The Butcher Strikes Back.

Triptykon
2015-08-08 20:15
Depois de tanto thrash, seguiu-se Thomas Gabriel Fisher - mais conhecido como Tom G. Warrior e os seus Triptykon. Esta sua terceira encarnação pretende dar continuidade aos negros caminhos idealizados para a sua carreira musical, não se podendo dissociar este projectos dos que se lhe antecederam, algo que está bem claro para quem seguiu a carreira deste senhor e que foi também evidente ao vivo logo desde o primeiro tema - Procreation (Of The Wicked), dos seus Celtic Frost. Em 2012 tivemos a oportunidade de assistir à actuação da banda no Metalfest Loreley, pelo que estava mais do que na altura de os rever, desta vez com direito a mais tempo em palco e já com temas do excelente álbum Melana Chasmata, entretanto lançado. A negritude dos temas apresentados, tanto os originais como os de Celtic Frost, rapidamente encheram o recinto de cabeças a abanar lentamente ao som dos arrastados riffs, como se de um ritual se tratasse. À direita do sempre carismátic Tom G. Warrior, Vanja Slajh roubava também uma boa parte da atenção do público com os seus olhares desafiadores. À medida que até o sol se vergava aos dark metal dos Triptykon, chegava também a vez de recordar os Hellhammer com Messiah, chegando o ocaso pouco depois com The Prolonging. Findo o concerto, o público começou a despertar do transe hipnótico, regressando lentamente daquele que foi um dos momentos altos desta edição do festival.

Black Label Society
2015-08-08 22:20
Depois de uma passagem pelo Hard Club há 3 anos atrás, era chegada a hora do regresso de Zakk Wylde e dos seus Black Label Society. Era visível pela movimentação do público que muitos dos presentes se tinham dirigido a Vagos precisamente para assistir a este concerto, e não terão saído defraudados, pois tiveram direito àquilo que certamente esperavam. Depois de uma curiosa introdução que combinava Whole Lotta Love com War Pigs como se de um único tema se tratasse, as vozes ergueram-se para saudar a entrada em palco do guitar-hero e dos seus companheiros de aventura. The Beginning... At Last deu início à actuação, com Zakk a ser, naturalmente, o centro das atenções com os seus solos e poses. Esta seria, claro, uma constante ao longo da actuação, com Zakk a espalhar técnica e virtuosismo não só na guitarra, mas também no piano, como em In This River, naquele que é já um momento clássico nas suas actuações ao vivo, trazendo à memória de todos o malogrado Dimebag Darrell. Pelo meio da actuação, Zakk fez ainda questão de apresentar cada um dos membros da banda, e ao referir que este é o dia de anos de Dario Lorina, pediu ao público que lhe cantasse os parabéns. John DeServio ainda foi tentando roubar um pouco do protagonismo com a sua prestação fantástica no baixo, mas o rei dos longos solos tinha o jogo ganho à partida, e pelas faces do público, no final do concerto, todos ficaram satisfeitos pela actuação.

Venom
2015-08-09 00:20
Passavam já cerca de 20 minutos da meia-noite quando o terceiro trio do dia subiu ao palco. Os britânicos Venom, liderados por Cronos e bem coadjuvado pelo animado guitarrista Rage e pelo portentoso baterista Dante, trouxeram-nos de volta aos primórdios do metal mais extremo e temas como Welcome To Hell, Countess Bathory ou o incontornável Black Metal ajudaram a aquecer um pouco uma noite que o vento insistia em querer tornar gélida. O público, esgotado de um dia bastante animado, já não correspondeu tão energicamente quanto os apelos de Cronos faziam querer, mas apesar da postura mais estática, a moldura humana era bastante considerável. Witching Hour encerrou a actuação.

Filii Nigrantium Infernalium
2015-08-09 02:00
Entrando em palco com um sonoro "Boa noite Lagos", ao melhor estilo Spinal Tap, eramos chegados ao profano final desta segunda noite. Os Filii Nigrantium Infernalium tinham sido adicionados ao cartaz do festival já após o encerramento oficial do seu lineup, tendo sido apresentados como uma confirmação extra, e acabaram por entrar em palco já às 2 da manhã, um horário pouco habitual neste festival, tendo-se notado uma elevada diminuição do número de pessoas presentes na assistência. Depois do excelente concerto dado há cerca de 4 meses no Hard Club, esperava um apoteótico encerramento para este segundo dia, mas o avançar da hora e o frio intenso que se fazia sentir dificultavam a vida ao público. Arrancaram com Rancor e Necro Rock N' Roll, seguindo-se A Era do Abutre, tema-título do trabalho que este ano celebrou o seu vigésimo aniversário. Belathauzer foi mantendo alguns dos seus interlúdios, mas sem atingir os momentos altos que o viramos conseguir no Hard Club, e acabámos por vagarosamente nos encaminharmos na direcção da saída, com Heavy Metal como pano de fundo.

DIA 3
Midnight Priest
2015-08-09 16:00


O terceiro e último dia do Vagos presenteou-nos com uma tarde de muito calor e, finalmente, sem o vento que nos 2 dias anteriores insistiu em dificultar o trabalho aos técnicos de som e enregelar as noites de todos os presentes. Assim, foi debaixo de um sol abrasador que António Parada veio apresentar o seu novo livro "Adão e Eva", sendo abertas pouco depois as hostilidades quando alguns minutos após as 15:30 os Midnight Priest entraram em palco com o tema Thunderbay. Apresentaram-se com a sua habitual garra e toda a coleção de clichés de que usam e abusam. Pelas reacções dos fãs que já se encontravam em algum número, apesar do adiantar da hora e do muito calor que se fazia sentir, os pontos altos do concerto foram atingidos, como aliás seria esperado, com o tema Rainha da Magia Negra e também com o tema de encerramento À Boleia Com o Diabo.

Ne Obliviscaris
2015-08-09 16:45
Estreando-se em solo nacional, os australianos Ne Obliviscaris vinham apresentar-nos Citadel, álbum que foi considerado por muitos como um dos melhores trabalhos editados em 2014. Se a presença de 6 pessoas em palco já de si impunha respeito, com uma muralha de 5 elementos colocados lado a lado bem à frente, mantendo-se apenas o baterias mais atrás, rapidamente o tema de abertura Devour Me, Colossus (Part I): Blackholes demonstrou que a força da banda não está no número mas sim na técnica e criatividade, juntando-se ainda, ao vivo, a prestação em palco dos irmãos Xen e Tim Charles. Se a forma como em álbum eles conjugam as 2 vozes, uma limpa outra "suja", ao vivo as respectivas posturas acompanham essa mesma dicotomia, com Xen a apresentar-se frio e introspectivo enquanto Tim espalha sorrisos e simpatia em todas as direcções. A actuação acabaria por incluir apenas 5 temas, todos eles bastante longos, o que poderá ter aborrecido um pouco o público menos adepto destas sonoridades mais progressivas, mas a julgar pelas muitas pessoas que estavam a assistir, a grande maioria mostrou-se surpreendida e satisfeita - algo que se confirmaria mais tarde ao vermos a enorme fila que se formou para os autógrafos.

Alestorm
2015-08-09 18:15
E era chegada a hora de deixar cair o H, içar as velas, levantar a âncora e colocar em riste a banana, perdão, a bandeira de pirata! Os Alestorm protagonizaram a melhor transferência do defeso, e trouxeram com eles muito rum, wenches, mead, um leviathan e 1 ou 2 krakens - tudo o que um bom crowdsurfer precisa para dar azo à sua arte e mister. Desde os primeiros acordes de Walk The Plank que a multidão começou a festejar como se não houvesse amanhã, com uma maré ininterrupta de crowdsurfers, muito bailarico e comboinhos, tudo ao longo de cerca de 1 hora repleta de excelentes e festivos temas por parte da banda de Christopher Bowes e restante tripulação. Alguns dos muitos momentos altos do concerto incluíram a balada Nancy the Tavern Wench, Wenches & Mead ou Drink, sempre com muito público a acompanhar as letras, ficando para o final os excelentes Captain Morgan's Revenge e Rum. Mais uma excelente estreia em território nacional de uma banda que já nos devia uma visita há muito tempo! Que as marés os tragam de volta brevemente!

Orphaned Land
2015-08-09 19:45
All Is One abriu o concerto dos Orphaned Land, naquela que seria também a primeira oportunidade do público nacional travar conhecimento com o novo guitarrista da banda, Idan Amsalem, que entrou em 2014 na sequência da saída do carismático guitarrista Yossi Sassi. Mal teve oportunidade para tal, o vocalista Kobi Fahri logo começou a interagir com o público, criando rapidamente uma relação de familiaridade com os presentes. Passando a todos a habitualmente mensagem da banda de pretender através da música unir todos aqueles que a política e as religiões teimam em afastar, mais uma vez recebeu como resposta inúmeros aplausos, uma constante nos vários concertos que já tivemos a oportunidade de assistir desta banda. Apesar dos últimos trabalhos destes israelitas estarem a apresentar uma faceta cada vez menos pesada da banda, abandonando grande parte das suas influências originais de death metal, foi com agrado que ao terceiro tema ouvimos The Kiss of Babylon (The Sins), o primeiro dos 4 temas que iriamos ouvir de Mabool, o tremendo álbum com que voltaram em 2004 às edições discográficas, depois de uma travessia do deserto de cerca de 8 anos. Do mais recente álbum]All Is One seguir-se-ia The Simple Man, e novo regresso a Mabool para outro grande tema, Birth of the Three (The Unification). Também o álbum The Never Ending Way of ORWarriOR esteve bem representado, com temas como Sapari ou In Thy Never Ending Way. Em diversos momentos foi pedida a colaboração do público em algumas das partes de alguns temas, ora gesticulando ora cantando nos vários momentos de la-la-la's que tão bem conseguem integrar nas suas músicas - sempre com uma boa resposta por parte dos presentes. Para o final, a esperada Norra El Norra com banda e público a saltar ao ritmo da música, com a já também habitual transição, para a despedida, para o final do tema Ornaments of Gold. Houve ainda tempo para anunciar um muito benvindo regresso a Portugal em Novembro, por ocasião da tour acústica que irão realizar pela Europa.

Overkill
2015-08-09 21:15

A noite caiu em Vagos e o palco pintou-se de verde para o regresso dos Overkill a Portugal e ao palco do Vagos Open Air, onde em 2012 deram aquele que terá sido o melhor concerto da 4ª edição do festival. 3 anos volvidos, e com o álbum White Devil Armory lançado em 2014, Bobby "Blitz" Ellsworth, D.D. Verni e companhia voltaram a mostrar ao muito público presente que os anos passam mas em nada afectam esta máquina do thrash metal norte-americano. Depois da introdução XDM, o concerto arrancou com Armorist, com as habituais correrias de Bobby "Blitz" e a postura sempre aguerrida de Verni, enquanto nas guitarras, de ambos os lados do palco, Dave Linsk e Derek Tailer iam debitando os riffs cortantes que são imagem de marca da banda. Do single de lançamento do álbum mais recente da banda saltámos para Hammerhead, tema com 30 anos de existência e que fez parte de Feel The Fire, álbum com que a banda se estreou em 1985. Estes saltos para trás e para a frente ao longo da extensa discografia da banda foi uma constante ao longo do concerto, com clássicos recentes como Electric Rattlesnake ou Bring Me The Night a encaixarem perfeitamente com outros bem mais antigos como Rotten To The Core ou Elimination. Apesar da setlist apresentar um ordenamento bastante diferente da de há 3 anos atrás, muitos foram os temas comuns às 2 actuações, mas ainda assim houve lugar a algumas surpresas, como a inclusão do tema-título do álbum Horrorscope, com a banda a reduzir as rotações e a trocar a velocidade pelo groove que caracteriza o tema. No sentido inverso, desta vez ficou-nos a faltar Old School, um daqueles temas que normalmente fazem o público cantar em coro, com a voz bem alta e punhos no ar. Quem também esteve a assistir ao concerto por largos minutos foram alguns dos membros dos Orphaned Land, que se juntaram ao mar de gente que estava a assistir assim que acabaram a sessão de autógrafos. O final do concerto chegaria com o inevitável tema de encerramento Fuck You, O público respondeu, divertido, ao sempre enérgico Bobby "Blitz", ficando demonstrado que este foi mais um regresso muito bem conseguido, resultando numa grande enchente e em mais um enorme concerto.

Bloodbath
2015-08-09 23:25
O final de mais uma edição do Vagos estava cada vez mais próximo, mas antes ainda haveria tempo para muita brutalidade, cortesia dos Bloodbath. Depois de os termos visto uma semana antes a debitar uns violentos decibéis num dos palcos principais do Wacken Open Air, ficámos com a impressão de que este concerto seria talvez demasiado agressivo para aquilo que o Vagos nos tem vindo a habituar, mas estando encaixado já nesta fase quase de encerramento do festival, acabou por permitir ao público uma última oportunidade para deixar cá toda a energia, fazer os seus últimos headbangs, enquanto sobre o palco Nick Holmes regressava também ele a Vagos, mas agora numa versão bem mais pesada e devastadora do que com os seus Paradise Lost. Pintados de vermelho - sangue e visíveis muitas vezes apenas sob a forma de silhuetas, graças ao uso dos strobes, criavam uma imagem tão brutal quanto os temas como Breeding Death ou Soul Evisceration. A setlist foi praticamente a mesma que tinhamos visto na semana anterior, à excepção de uma troca na ordem dos 2 últimos temas - faltando também, claro, a participação especial de Dan Swäno em Eaten - mas por outro lado, a actuação em Vagos acabou por ganhar bastante por ter sido à noite e não à luz do dia, permitindo realizar um interessante jogo de luz e os referidos strobes, resultando num melhor efeito visual. O concerto encerrou com Cry My Name, dando o mote para uma debandada de grande parte do público, que se encaminhava para a saída e para as respectivas viagens de regresso a casa, apesar de haver ainda lugar a um último concerto.

Ironsword
2015-08-10 00:45
E seria com os Ironsword que mais uma edição do Vagos Open Air iria chegar ao fim. No palco eram visíveis vários painéis com a capa do álbum None But The Brave, lançado este ano, mas foi do primeiro álbum Ironsword que saiu o primeiro tema tocado, Kings Of The Night. O público era já em número bem mais reduzido, com o frio a voltar a fazer das suas, mas também e principalmente devido aos nossos relógios nos indicarem que o domingo já tinha ficado para trás. Ainda assim, os que permaneceram a assistir foram demonstrando o seu apoio enquanto o heavy metal se ia fazendo ouvir em temas como Brothers of the Blade ou Cimmeria. Apesar desse apoio, a actuação do trio lisboeta acabou por não conseguir empolgar, tarefa que seria sempre Hercúlea tendo em conta as referidas condicionantes, ficando no ar a ideia de que a impressão deixada seria outra bem diferente numa outra oportunidade e num horário não tão penalizador.


Foram 3 dias e um total de 20 concertos, com muitos momentos altos dignos de destaque como as actuações de Heaven Shall Burn e Amorphis no 1º dia, Triptykon no 2º dia e Ne Obliviscaris e Alestorm no 3º, para nomear apenas alguns. Esta 7ª edição confirmou também a evolução do Vagos Open Air de 2 para 3 dias, estreada no ano passado, assim como a estabilidade do modelo adoptado para o festival. Sem alterações significativas em relação às edições anteriores, sem revoluções e sem correr riscos desnecessários, podemos dizer que se mantiveram as condições que já conhecíamos das edições passadas e tivemos direito a subir mais uns degraus no que toca à qualidade do cartaz apresentado - com mais variedade, quantidade e qualidade. Uma nota que merece particular realce é o cuidado que a organização parece ter tido no que toca ao cartaz, com algumas surpresas escolhidas a dedo a abrilhantar um cartaz que também incluía um número já muito interessante de apostas seguras dentro dos mais variados subgéneros do metal. Os pontos a melhorar mantém-se os já referidos no passado - a variedade de oferta nos comes e bebes deveria ser maior, e as bancas de merchandise continuam a estar em número reduzido e com pouco espaço disponível para se poder espreitar à vontade os cds ou t-shirts expostos. Nada que penalize em demasia, até porque lacunas semelhantes têm sido recorrentes também noutros eventos que temos presenciado em território nacional. No que aos concertos se refere, tirando um ou outro desajuste na distribuição do line-up, nomeadamente no que toca às bandas nacionais, nada a apontar de negativo. Pelo contrário, só podemos dar os parabéns à organização por nos ter trazido aquele que terá sido o melhor cartaz da história do festival, deixando ainda um especial agradecimento por nos ter sido permitida presença para realizar esta reportagem. Até para o ano, Vagos!