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Reportagens de Concertos
Orphaned Land Acoustic Tour 2015
2015-10-01 | Cinema São Jorge

Depois de terem por cá passado há cerca de 2 meses atrás, integrados no cartaz do Vagos Open Air, eis que os nossos israelitas preferidos Orphaned Land estavam de volta a Portugal para uma data única, em Lisboa, no Cinema São Jorge. E única também porque era parte da tour acústica que a banda está a realizar com o coro alemão Stimmgewalt. E porque incluía ainda a estreia em Portugal da banda espanhola Leaves, e também da banda germânica de Opera Metal molllust, que já conheciamos desde o seu excelente álbum de estreia Schuld. Motivos, portanto, mais do que suficientes para nos fazermos à estrada e percorrermos os cerca de 300Kms que nos separavam do Cinema São Jorge e de uma Sala Montepio que se encontrava esgotada.

Leaves
2015-10-01 20:50
Faltavam alguns minutos para as 21 horas quando os espanhóis Leaves entraram num palco iluminado apenas pelas luzes que estavam enroladas à volta do microfone que poucos momentos depois teria a companhia da vocalista Raquel. Apresentando-se como oriundos de Barcelona e encantados por se estarem a estrear em Portugal, foram conquistando o público com a sua sonoridade e com a simpatia e ar de absoluta felicidade que foi visível ao longo de todo o concerto na face de Raquel. Apresentaram um punhado de belos temas que foram hipnotizando o público, ficando apenas a perder um pouco nos momentos cantados em inglês, que soavam um pouco estranhos em virtude da habitual acentuação dada por nuestros hermanos à língua inglesa. Nada que manchasse esta bela estreia em território nacional, ficando no ar a dúvida de qual a sonoridade da banda num formato eléctrico.

molllust
2015-10-01 21:30
Seguiam-se os molllust, num concerto que há muito ansiávamos depois de termos tido a oportunidade de fazer a crítica a Schuld, o álbum de estreia da banda, há cerca de 3 anos atrás. Olhando em volta, era visível que a enorme maioria do público presente desconhecia estes germânicos, pelo que foi com alguma surpresa que viram entrar em palco Janika Groß, Frank Schumacher, Sandrine B., Luisa Bauer e Lisa H., vestidos a rigor e com um leque de instrumentos músicais mais próximos da música clássica do que de uma banda de metal. E isto porque os molllust abordam a sua sonoridade de Opera Metal de uma forma muito distinta de outras bandas sinfónicas ou operáticas, pois têm uma base fortemente influenciada pela música clássica, deixando a componente mais metálica para segundo plano, para acrescentar peso e dramatismo mas sem roubar protagonismo nem desviar do rumo musical clássico. Desde o arranque do concerto que a qualidade musical dos elementos em palco salta à vista, com Janika a sobressair, no teclado e na voz, na qual era acompanhada por vezes por Frank Schumacher. Não é à toa que estes dois são também integrantes dos seus compatriotas Haggard. Também Sandrine e Luisa nos violinos e Lisa no violoncelo deixam claro que estão bem à vontade nos seus instrumentos, com interpretações perfeitas e com um enorme à vontade e boa disposição. Perante tamanha prestação, foi só por volta do 3º tema, König der Welt, que o público se começou a soltar e a recuperar do choque inicial, numa altura em que Frank aparece com uma coroa na cabeça, com Janika a explicar que nesta tour ele se tem sentido como um rei entre as mulheres, pois os seus restantes colegas de banda não participam na tour em virtude do formato acústico. Com algumas partes do tema cantadas em inglês, diversas brincadeiras de Frank com as "suas meninas" e um passeio pelo meio do público, protagonizaram alguns dos momentos mais divertidos da noite. De seguida, Sternennacht, único tema retirado do álbum de estreia, conseguiram obter do público um enorme aplauso, de tão impressionante que foi a interpretação e o sentimento expresso ao longo do tema. A partir daqui o público estava definitivamente conquistado e Paradis Perdu e a trilogia seguinte, constituída por Voices of the Dead, Paradise On Earth e Spring, transportaram o público para outras atmosferas, como que respondendo às deliciosas descrições com que Janika apresentava cada tema, com algum humor mordaz à mistura. Para o final ficou Ave, o único tema retirado do EP Bach con fuoco, que como o nome indica é uma homenagem ao compositor clássico também natural de Leipzig. Em formato acústico arriscava-se a soar menos interessante que os temas originais da banda, mas a extraordinária prestação de Janika na voz não deixou ninguém indiferente, encerrando com belo efeito um concerto que certamente estará no nosso top de concertos de 2015. Uma estreia que terá garantido um grande número de novos fãs para a banda, e que nos deixa uma enorme vontade de os rever assim que uma nova oportunidade se proporcione.

Orphaned Land
2015-10-01 22:45
Antes de entrarem em palco os cabeças de cartaz desta noite acústica, nova surpresa com o coro germânico Stimmgewalt a aparecer na penúmbra para interpretar um conjunto de temas. Engel e Last Night of the Kings, com uma passagem por Rebellion, fariam o furor em qualquer palco na Alemanha, mas passou um pouco ao lado do público Luso pouco habituado a estas lides. The Irish Ballad e Beer, beer, beer, no entanto, arrancaram umas boas gargalhadas e prepararam o público para a esperada entrada em palco de Kobi Fahri (de túnica branca, para infelicidade da menina do merchandise, que nos tinha confidenciado que esperava que ele usasse a túnica preta, que inclui elementos da sua autoria). Abriram com The Simple Man seguida do tema-título do mesmo álbum All Is One, com a mudança para formato acústico a dar uma roupagem bastante mais leve e despreocupada aos temas. Notou-se alguma falta de sincronização aqui e ali, mas a presença forte de Kobi e o acompanhamento por parte dos Stimmgewalt conseguiram desviar a nossa atenção dessas falhas para os pontos mais positivos desta especial actuação - nos quais se inclui o facto de terem aproveitado para nos trazer temas que já há muito não ouviamos ao vivo, como The Evil Urge
ou Asalk, entre algumas outras. Pelo meio, as habituais intervenções pacificadoras de Kobi relativamente ao conflito no Médio Oriente foram bem recebidas, algo que também tem sido hábito ao longo das diversas vezes em que temos tido a oportunidade de assistir às suas actuações e intervenções. A meio da actuação, o coro Stimmgewalt teve direito a mais um momento a solo, com a banda a retornar logo de seguida para retomar o concerto com Building The Ark, mais um tema inesperado, bem como os seguintes New Jerusalem e A Neverending Way. Mais para a frente, logo no regresso para o encore, um belíssimo momento com Kobi a fazer uma magnifica e emotiva interpretação de Hallelujah, de Leonard Cohen, em conjunto com o restante coro. The Beloved's Cry foi igualmente uma excelente prenda, transportando-nos 20 anos para trás no tempo, chegando o fim da actuação com a habitual sequencia de encerramento de Norra El Norra seguido do final apoteótico, com braços no ar, de Ornaments of Gold.


Chegava assim ao fim uma noite mágica que nos trouxe velhos conhecidos e muitas surpresas! Excelente versões em formato alternativo, grande trabalho por parte do coro germânico Stimmgewalt, uma agradável estreia por parte dos espanhóis Leaves e uma surpreendente prestação, igualmente a estrear-se por cá, dos germânicos molllust. A viagem de regresso ao norte seguir-se-ia com um enorme sorriso nos lábios enquanto revia (e re-ouvia) mentalmente muitos dos momentos memoráveis desta noite verdadeiramente única!