A noite começou com uma sensação de desilusão ao vermos que o evento desta noite seria na sala 2 do Hard Club, pelo que nos esperaria um palco de menor dimensão e sem fosso a separá-lo do público. E, ao entrar, não melhorou, pois com o palco apinhado de material a grande dúvida que ficava no ar era onde é que iam caber todos os elementos dos Eluveitie.
Felizmente, lá chegou a hora de início e pontualmente os húngaros Wisdom entraram em palco e ajudaram a animar o ambiente. Se nas audições feitas previamente esta parecia ser simplesmente uma banda de power metal competente, ao vivo demonstraram ter um à vontade em palco maior do que o esperado, principalmente o vocalista Gábor Nagy, o baixista Máté Molnár e o guitarrista Kovács Gábor, e rapidamente aqueceram o ambiente e convenceram o público. O facto de terem tocado uma cover de Wasted Years, dos Iron Maiden, sem dúvida que ajudou a quebrar o gelo, mas resumir desta forma a actuação da banda seria redutor. Os seus temas originais, como Heaven and Hell, Wisdom ou o tema-título do seu último álbum, Judas, foram também bem recebidas pelo público, que rapidamente foi tentando acompanhar nos refrões mais facilmente memorizáveis. Um concerto que deixou o público com um sorriso nos lábios e vontade de acompanhar com alguma atenção os próximos passos desta banda.
Seguiram-se os Eluveitie, que regressaram ao nosso país cerca de 2 meses depois de cá terem estado no Vagos Open Air. No entanto, as novidades foram muitas: a banda tem um novo guitarrista, Rafael Salzmann, que substituiu Simeon Koch, e lançou entretanto o álbum The Early Years, onde apresentam versões regravadas de temas do início de carreira da banda. Finalmente, Patrick Kristler, responsável pelos instrumentos de sopro, também não actuou. A setlist foi um pouco mais curta que há 2 meses atrás mas sem grandes alterações: como vem sendo habitual, abriram com Helvetios seguida de Luxtos e Neverland, pelo meio as passagens por A Rose for Epona e Inis Mona são obrigatórias, e mais uma vez Havoc foi o último tema, seguido do instrumental com que abandonam o palco. No entanto, os temas foram interpretados com uma maior intensidade, ou pelo menos assim o pareceram, o que fez desta a melhor das 3 actuações que tivémos a oportunidade de ver desta banda este ano (para além da actuação no Vagos Open Air, já os tinhamos visto em Junho no Metalfest Open Airs Loreley, na Alemanha).
Depois de alguma demora e de uma falsa introdução que durou quase 15 minutos, eis que os Europe se fizeram ouvir com o seu tema mais conhecido, antecedendo a entrada em palco dos também Suecos Sabaton. E que entrada! Foi uma actuação enérgica e bastante divertida de toda a banda, do princípio ao fim do concerto, que de imediato cativou o público para um fantástico concerto. Entre as músicas, o extremamente comunicativo vocalista Joakim Brodén não se cansou de agradecer o constante apoio do público e proporcionou momentos de pura diversão por inúmeras vezes, entre elogios à quantidade de público presente (as cerca de 250 pessoas fariam a sala 1 parecer vazia, mas fizeram a sala 2 ficar bem composta), concursos para escolher quais os temas seguintes, ou momentos de humor geniais ou mesmo genitais. O baixista Pär Sundström era outro elemento em destaque, sempre a sorrir para o público e sempre em movimento, no que foi acompanhado pelos novos elementos, que aparentaram já ter longos anos de concertos conjuntos, tal era a naturalidade e confiança com que estiveram em palco. Os temas do novo e excelente trabalho da banda, Carolus Rex, foram alguns dos destaques, mas todos os temas tocados foram autênticos hinos de heavy-metal naturalmente acompanhados e entoados por todos os presentes. Para além do tema-título do já referido mais recente álbum da banda, Poltava, 40:1, White Death (escolhido por um membro do público), Uprising (tema mais votado pelos berros do público), Attero Dominatus (igualmente escolhido) ou Primo Victoria, foram alguns dos momentos altos da noite, que não terminou sem mais um momento magnífico de interacção com o público, quando Joakim Brodén aceita trocar os seus óculos de sol com os óculos aparentemente de natação trazidos por um elemento do público, para logo de seguida se sair com um "Why the fuck did I agree to do that? I'm so stupid!". No entanto, lá cumpriu a troca e colocou os novos óculos, para nova gargalhada geral, continuando a festa até ao fim. Todo o caminho para casa foi feito cantando ainda temas deste fantástico concerto que tão cedo não será esquecido!