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Reportagens de Concertos
Laurus Nobilis Music Famalicão 2019
2019-07-25 - 2019-07-27 | Louro

O Laurus Nobilis voltou a presentear-nos em 2019 - se no ano passado já nos tinha surpreendido ao passar a dedicar todos os seus 3 dias às sonoridades mais pesadas, este ano resolveram adicionar ainda mais um dia ao festival, pelo que era com forças redobradas que mais uma vez nos metiamos a caminho em direcção a Louro, Famalicão.

Foi com entusiasmo que entrámos no recinto e, depois de uma rápida passagem exploratória pela zona que nos permitiria descansar (e alimentar) o corpo ao longo destes 4 dias, lá nos encaminhámos para o palco secundário, mais uma vez patrocinado pela cerveja Estrella Galicia, para o arranque das festividades.

DIA 1
Lyfordeath
2019-07-25 20:24
Neste primeiro dia, à imagem do ano passado, todos os concertos teriam lugar no palco secundário, de acesso gratuito. O sol escontrava-se já na etapa final do seu percurso descendente quando os Lyfordeath entraram em palco, e trataram de animar as poucas dezenas de pessoas que já se encontraram presentes com o seu death/thrash com contornos melódicos/progressivos. Arrancaram com o tema The Day Hell Froze, do seu álbum Nullius In Verba, e conseguiram ir aquecendo o ambiente, mesmo com os problemas sonoros que os afectaram.

Humanart
2019-07-25 21:43
O escuro da noite tinha já descido sobre nós, um perfeito ambiente para acompanhar o black metal dos Humanart. A agressividade redobrada dos seus temas e os riffs cortantes das guitarras dominaram as atenções, numa actuação que serviu também para apresentar o álbum (Further) Into The Depths, editado este ano.

Soldier
2019-07-25 22:41
Seguiram-se os espanhóis Soldier. Com um thrash embebido de influências mais americanas do que europeias, foram proporcionando alguma animação no meio do público, que foi formando um circle pit.


WAKO
2019-07-25 23:45
Os W.A.K.O. elevaram o nivel das actuações deste primeiro dia, com uma prestação repleta de confiança, sempre bem liderada pelo enérgico vocalista Nuno Rodrigues. O groove deste quinteto de Almeirim conquistou rapidamente o público, que foi acompanhando sempre em movimento a actuação que mais contribuiu para aquecer a noite.

Contradiction
2019-07-26 00:42
Esta primeira noite foi encerrada pelos Contradiction, veteranos do thrash germânico que contam com já algumas visitas a solo luso em carteira. Celebravam os 30 anos de carreira e tentaram manter o público animado, o que foram conseguindo apesar do adiantar da hora, mas fica no ar a sensação de que estes Contradiction acabam por funcionar melhor em ambiente de sala, num enquadramento mais underground e de maior proximidade com o público, do que em ambiente de festival. Ainda assim, um bom arranque para os dias que se iriam seguir.


DIA 2
Second Lash
2019-07-26 16:50
O segundo dia do Laurus arrancou com o rock alternativo dos Second Lash, banda do Porto que nos trazia o seu álbum de estreia Tabula Rasa, lançado em 2017. A vocalista Evelyne Filipe dominava as atenções, não só pelo visual rubro-negro que contrastava com a indumentária mais "à vontade" dos restantes membros, mas também pela enérgica e emotiva performance em palco.

Wrath Sins
2019-07-26 17:46
Seguiram-se os colegas de editora (Raising Legends) Wrath Sins, oriundos da outra margem do Douro. O quarteto de Vila Nova de Gaia tratou de trazer o ambiente do festival novamente para níveis sonoros mais pesado, com o seu thrash de contornos progressivos e um novo trabalho, o seu segundo álbum The Awakening em carteira. O público, apesar de ainda pouco numeroso, agradeceu e voltou a movimentar-se ao som de temas como [Shadows Kingdom ou Fear of the Unseen.

HochiminH
2019-07-26 18:44
A última actuação do dia, no palco secundário, coube aos HochiminH. A banda de Beja trouxe-nos o seu metalcore com toques de industrial e fechou o palco em beleza, com um punhado de boas interpretações, com especial destaque para a cover de Enjoy The Silence, dos Depeche Mode. O vocalista João Ramos era um dos membros mais activos em cima do palco, e foi também o responsável por outro dos momentos mais interessantes da actuação, ao trazer o seu pequeno filho para cantar com ele durante o tema Ashes.

Miss Lava
2019-07-26 21:08
O palco principal do Laurus foi estreado este ano pelos Miss Lava. O stoner da banda lisboeta foi chamando o público à área principal do festival, sendo várias as cabeças a abanar ao ritmo de temas como Ride ou Black Unicorn.


Peste e Sida
2019-07-26 22:16
Seguiram-se os históricos do rock nacional Peste & Sida, que rapidamente demonstraram que não estavam tão deslocados no cartaz quanto se poderia imaginar à partida. Com a presença sempre contagiante do carismático vocalista e baixista João San Payo e um vasto leque de hinos que todos conhecemos, rapidamente colocaram grande parte do público presente a cantar em coro temas clássicos como Bule Bule, Orgia Paroquial ou a inevitável Sol da Caparica

Entombed A.D.
2019-07-26 23:28
Chegava agora a vez de um dos nomes mais aguardados da noite, os Entombed A.D.. A banda formada por L.G. Petrov, Olle Dahlstedt e Nico Elgstrand após a dissolução dos Entombed combinou temas próprios com alguns dos esperados clássicos da encarnação original da banda, como Wolverine Blues ou Left Hand Path e trouxe de volta o circle pit ao recinto do Laurus. Para além do sempre sorridente e movimentado L.G. Petrov, nota de destaque também para o guitarrista brasileiro Guilherme Miranda, que fez questão de comunicar com o público em português.

Fleshgod Apocalypse
2019-07-27 00:57
O outro nome mais aguardado da noite era o dos italianos Fleshgod Apocalypse. Os gigantes do death metal sinfónico tinham acabado de lançar o seu 5º álbum Veleno mas não deixaram de nos presentear com temas obrigatórios anteriores como The Violation, logo a abrir a actuação, Cold as Perfection ou Epilogue. O som estava um pouco embrulhado, o que já vem sendo habitual nas várias actuações da banda que temos tido presenciado, mas mantinha-se ainda em níveis aceitáveis, não nos distraindo em demasia da actuação que continua a incluir uma boa dose de teatralidade no meio de toda a enorme proficiência técnica de todos os integrantes da banda. O final foi verdadeiramente épico, com The Fool, Te Egoism e finalmente The Forsaking a manterem muitos pescoços em constante agitação. A chuva ainda fez questão de aparecer, mesmo nos momentos finais da actuação, neste que foi um final épico para esta primeira noite de palco principal.

DIA 3
Besta
2019-07-27 17:00
O terceiro dia do festival arrancou a todo o gás, com os Besta a tomarem de assalto o palco secundário. A banda que tinha recentemente sido anunciada para substituir os Primal Attack apresentou-se sem o baixista, mas a energia em cima do palco era a mesma a que nos têm habituado noutras ocasiões, com o vocalista Paulo Rui a levar tudo e todos à sua frente, numa actuação repleta de garra e de intensidade.

Tales For The Unspoken
2019-07-27 17:51
Seguiram-se os Tales For The Unspoken, de Coimbra. Apresentaram-se em palco com uma nova formação, com Nuno Raimundo a trocar o baixo pela guitarra, em virtude da saída de Nuno Khan, e com Rui Alexandre, dos Terror Empire como baixista convidado. Foi também como convidado que Miguel Inglês, dos Equaleft, surgiu para acompanhar Marco Fresco no tema I, Claudius, numa actuação agradável, ainda que menos intensa que a anterior, e que culminaria com o habitual tema N'Takuba Wena.

Gwydion
2019-07-27 18:51
A intensidade aumentou novamente com a entrada em palco dos Gwydion, encerrando em grande nível o palco secundário. Os vikings lusos são um dos valores mais seguros no metal nacional, e garantia de muita animação e boa disposição. Apresentando um novo membro, a baterista Marta Brissos, rapidamente colocaram todo o público em movimento (e até a remar, sentados no solo) ao som de temas como Strength Remains, Thirteen Days ou Mead of Poetry.

Sollar
2019-07-27 21:11
O palco principal abriu, neste 3º dia de festival, com o rock alternativo dos portuenses Sollar. A banda era desconhecida para a maior parte do público presente, dados os seus meros 3 anos de existência e 1 álbum - Translucent - em carteira, pelo que o ambiente pela assistência era de alguma curiosidade e natural desconfiança. Sobre o palco, a vocalista Mariana Azevedo ia tentando quebrar o gelo e captar as atenções com algumas escolhas vistosas de indumentária, e uma interpretação que foi ganhando força e confiança com o avançar dos temas. Destaque para Naked, com Mariana a supreender ao realizar uma dança/coreografia com o auxilio de uma capa que fazia parte do seu vestido.

Sinistro
2019-07-27 22:15
Seguiram-se os também nacionais Sinistro, banda já com outro palmarés e outra rodagem. A carismática Patrícia Andrade rapidamente tratou de hipnotizar o público presente com uma actuação arrebatadora, ora cantando, ora declamando, ora contorcendo-se, numa estranha - mas perfeita - combinação com o arrastado e melancólico doom/sludge que saía dos instrumentos dos seus colegas de palco. Numa actuação sublime, destaque para o tema Cidade - Parte 2, uma verdadeira montanha-russa de emoções.

Crematory
2019-07-27 23:24
Era chegada a vez dos Crematory, que finalmente se estreavam em Portugal. A banda apresentou-se de forma algo estranha, com o vocalista Felix Stass a fazer-se acompanhar por uma capa com as letras dos temas, o que não augurava nada de bom, e os sons a lembrar carrinhos de choque logo no tema de abertura Kommt Näher também não ajudaram, mas aos poucos foram conquistando o público com a simplicidade que colocaram em palco. Aos poucos, fomos sendo transportados de regresso ao passado, passando por temas como Greed ou Tick Tack até ao muito esperado tema de encerramento, o hino Tears of Time, que teve direito a ser apresentado por um jovem do público que a banda chamou ao palco para apresentar como o maior fã português dos Crematory.

Samael
2019-07-28 00:51
A outra banda mais aguardada da noite subiu de seguida ao palco principal - os suiços Samael. A banda dos irmãos Vorph e Xy apresentou-se com o novo baixista Zorrac e trouxe-nos um set que percorreu a vasta discografia da banda, ainda que com um maior enfoque em Hegemony, o álbum mais recente da banda e cujo tema-título serviu de mote para o arranque desta que seria a melhor actuação da noite. O primeiro regresso ao passado deu-se com Rain, do opus de 1996 Passage, num dos muitos momentos marcantes de uma actuação repleta de clássicos das várias fases da banda. E, se na zona frontal do palco, Vorph ia liderando os acontecimentos, na sua retaguarda era Xy que ia roubando as atenções com a sua energia enquanto ia intercalando os teclados com a (semi-)bateria. Ao fim de 15 temas muito aplaudidos, houve ainda direito a um encore com Ceremony of Opposites, Baphomet's Throne e My Saviour, um encerramento em nota altíssima para este 3º dia.

DIA 4
Toxikull
2019-07-28 16:37
O 4º e último dia do festival arrancou com os Toxikull, e o quarteto oriundo de Cascais colocou logo a fasquia bem alto com o seu heavy/speed metal old-school bem oleado a proporcionar alguns momentos de animação no meio do público.

Grimlet
2019-07-28 17:47
Seguiram-se os Grimlet, com o seu death metal. O nível de agressividade sonora aumentou, mas a banda não conseguiu corresponder, mostrando-se um pouco desligada entre si, com apenas o vocalista David Carvalho a conseguir mostrar-se mais desinibido sobre o palco.

Simbiose
2019-07-28 18:51
O fecho do palco secundário deu-se com os lisboeta Simbiose. O crust deste quarteto aumentou ainda mais a violência sonora e permitiu algum headbanging a um público que dava já sinais de algum cansaço, ou não estivessemos nós já no 4º dia de festival. Um dos momentos da actuação foi a sentida homenagem ao malogrado ex-baixista Bifes, no tema Será Que Há Morte Depois Da Vida?.

Analepsy
2019-07-28 20:39
O palco principal iria abrir para a actuação dos Analepsy, mas antes surgiu o balde de água fria - o anúncio de que a actuação dos cabeças-de-cartaz Hipocrisy teria de ser cancelada, devido a atrasos nos vôos. Foi, portanto, perante um público ainda em choque que estes representantes nacionais do slam/brutal death metal entraram em palco, mostrando-se também eles em condições não-ideais, devido à ausência do guitarrista Marco Martins. Apesar da ausência, apresentaram uma actuação competente, que conseguiu obter alguma reação do público, com destaque ainda para a participação especial de Sérgio Afonso, dos Bleeding Display no tema Genetic Mutations.

Soilwork
2019-07-28 22:10
Este último dia de festival iria encerrar mais cedo, dada a ausência forçada - e inesperada - dos Hipocrisy, mas havia ainda lugar para a actuação dos Soilwork, que iriam, de acordo com a organização, apresentar um set um pouco mais longo do que o originalmente planeado, em jeito de compensação. A banda sueca estava em promoção do recém-lançado álbum Verkligheten e este foi, naturalmente, um dos maiores enfoques de uma actuação que cumpriu com os mínimos mas não terá conquistado novos fãs. Os temas esperados estiveram lá, mas faltou à banda a capacidade de conectar com o público, parecendo que estavam a cumprir calendário, de forma profissional, sem desleixo, mas também sem empatia para com um público que contava com algo que os pudesse animar neste prematuro final de noite.


Em jeito de encerramento, este novo formato de 4 dias para o festival parece ter conseguido trazer mais público residente para a área de campismo, mas foi visível o cansaço de muitos dos presentes no último dia do festival. A aposta no palco Faz A Tua Cena parece continuar a ser uma aposta ganha, conseguindo chamar sempre algum público para estas actuações extra-festival, num ambiente relaxado e familiar. O espaço de lazer e restauração continua a dar resposta adequada ao público presente, que por sua vez pareceu manter-se em números diários bastante aproximados aos da edição do ano passado. A desilusão causada pelo inesperado cancelamento dos Hipocrisy, numa altura em que a organização já pouco ou nada poderia fazer para compensar essa falha, acaba por manchar injustamente um festival que continua a crescer, e que tem tudo para continuar a crescer para se tornar cada vez mais numa referência. Até para o ano, Laurus!